Dona Ângela Grola, 69 anos, fez um único pedido para deixar o seu barraco na Favela Marte em Rio Preto: levar o seu coqueiro. O pedido foi atendido pela diretora da Valquírias World, Amanda Oliveira, que vai levar o coqueiro para a chácara da Organização Não Governamental (ONG) e depois deve plantar na casa da moradora. Clique aqui para assistir ao vídeo.
A família de Ângela foi a última a deixar a favela na cidade e ir para uma moradia transitória. O líder comunitário Benvindo Nery disse que os moradores estão impactados com a mudança porque terão casas próprias e dignidade. “Vamos deixar de sobreviver para viver”, disse Benvindo, que também irá para uma casa alugada e retornará em 20 meses para o novo bairro que não mudará de nome: será “Favela Marte”.
“Estou ansiosa para sair. Não tem mais ninguém. Sé está eu e os meus animais. Quando voltar vai ser diferente, o coqueiro junto e com frutos e com uma vida melhor”, afirmou dona Ângela.
As casas são alugadas pela ONG Gerando Falcões, presidida por Edu Lyra. “O desempregado em Marte era 70% e, hoje, é 19%. É um projeto que tem transformação física e humana. As duas juntas é a derrota da pobreza”, afirmou Lyra. Ele disse que o objetivo é replicar o projeto em outras favelas do país.
Com o fim da retirada de todas as 240 famílias cadastradas como moradoras da ocupação, a Secretaria da Habitação informou também que na segunda-feira, 8, a CDHU vai iniciar a demolição completa dos barracos instalados no local. Todos estão vazios e a imagem lembra de uma cidade fantasma. Os animais da favela também foram levados para local gerenciamento pelas Ongs envolvidas no projeto.
A demolição dos primeiros barracos ocorreu em junto. O governador Rodrigo Garcia (PSDB) fez a demolição do primeiro barraco no local. “Vamos para demolição, remoção para que possamos depois fazer a terraplenagem e avançar para a iniciarmos a construção”, disse o prefeito Edinho Araújo (MDB).
As novas casas serão construídas com a participação do moradores, que deverão participar diretamente da obra. A Prefeitura será responsável pela obras de infraestrutura, como as redes de água e esgoto, além do asfalto nas ruas do novo bairro.
A entrega da obra, com toda infraestrutura realizada pela Prefeitura de Rio Preto e a construção das 240 moradias populares pela CDHU, está prevista para 2023.
Serviço:
Moradias provisórias: 65 moradores estão morando em imóveis alugados tipo apartamento e outros 175 moradores foram transferidos para casas espalhadas em diversos pontos da cidade.
A ocupação da favela localizada na Vila Itália teve início em outubro de 2013 e atualmente ocupa uma área total de aproximadamente 50.000 mil m2.