PODCAST – Centro de referência em Parkinson, HB de Rio Preto celebra 15 anos da cirurgia que mudou vidas

Rodrigo Lima

 O Hospital de Base de São José do Rio Preto, referência nacional no tratamento da doença de Parkinson, celebra neste ano um marco importante: os 15 anos da cirurgia de Estimulação Cerebral Profunda, conhecida popularmente como “marcapasso cerebral”. O HB se destaca não apenas pelo pioneirismo, mas por transformar a vida de pacientes com Parkinson

Para marcar a data, o hospital organiza, entre os dias 1º e 3 de maio, o 4º Simpósio de Distúrbios do Movimento da FAMERP, no moderno e bem equipado Centro de Convenções da Faculdade de Medicina de Rio Preto (Famerp. O evento, o maior já realizado na região noroeste paulista sobre transtornos do movimento, vai reunir especialistas de todo o Brasil, pacientes, familiares e cuidadores.

“Queremos que todos entendam que a luta contra o Parkinson não é só dos médicos e pesquisadores, mas de toda a sociedade. Informação é poder”, afirma o médico Carlos Rocha, neurocirurgião e neurologista do HB, referência no tratamento e pioneiro na realização dos implantes de marcapasso cerebral fora da capital paulista.

A abertura do simpósio contará com palestras interdisciplinares abertas ao público leigo, oferecendo um momento raro de integração entre profissionais da saúde e pacientes. Segundo a organização, serão discutidos desde temas básicos até as mais recentes inovações no tratamento da doença, como a classificação biológica do Parkinson e os avanços cirúrgicos.

“É uma oportunidade ímpar para atualização e troca de experiências entre profissionais de diversas áreas”, destaca o médico Fábio de Nazaré, coordenador do ambulatório de transtornos do movimento da Famerp e um dos nomes centrais da programação.

No primeiro dia, pela manhã, a programação será voltada especialmente a pacientes, familiares e cuidadores, com inscrição gratuita e limitada a 220 vagas. Estarão presentes fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, psicólogos, nutricionistas e educadores físicos, reforçando a importância do tratamento multidisciplinar.

“Hoje, sabemos que a atividade física é neuroprotetora e fundamental para retardar a evolução da doença”, explica Dr. Rocha, citando estudos recentes da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).


Parkinson não é só doença de idoso: alerta para diagnóstico precoce

Um dos principais focos do simpósio será desmistificar a ideia de que o Parkinson atinge apenas idosos. Segundo Dr. Rocha, cerca de 20% dos pacientes são diagnosticados antes dos 50 anos, incluindo casos de jovens na faixa dos 20 anos.

“Existe uma falsa ideia de que Parkinson é doença de idoso. Mas não é. Temos pacientes jovens, e muitos deles com início precoce da doença sem histórico familiar”, alerta.

Além da predisposição genética, fatores ambientais como exposição a agrotóxicos, metais pesados e poluição aumentam o risco de desenvolvimento da doença.

Mas o maior desafio segue sendo o diagnóstico. “A doença muitas vezes se inicia com sintomas chamados pré-motores: alterações no olfato, constipação intestinal, distúrbios do sono e até ansiedade e depressão”, detalha Dr. Rocha. “Esses sinais precisam ser levados a sério, porque quando o tremor começa, boa parte dos neurônios já foi perdida.”


Cirurgia de ponta melhora a qualidade de vida

Implantado em 2010 no Hospital de Base, o tratamento por Estimulação Cerebral Profunda revolucionou o atendimento na região. O procedimento consiste na implantação de eletrodos em áreas específicas do cérebro, conectados a um marcapasso posicionado na região peitoral, que emite estímulos elétricos para modular os circuitos afetados.

“É como se fosse um marcapasso cardíaco, mas que atua no cérebro. A média de redução dos remédios após a cirurgia é de 50% no primeiro ano”, explica Rocha.

Embora a cirurgia não cure a doença — o Parkinson segue sendo uma enfermidade crônica e progressiva —, o impacto na qualidade de vida dos pacientes é expressivo. “Temos pacientes que, após a cirurgia, viram os filhos casarem, os netos nascerem, retomaram projetos e ampliaram sua autonomia”, conta o médico, emocionado.

Para indicação da cirurgia, o paciente deve apresentar sintomas motores que não estejam mais bem controlados com a medicação, como tremores severos ou movimentos involuntários excessivos.


Tratamento multidisciplinar: a engrenagem do cuidado

Além da cirurgia e da medicação, o tratamento eficaz do Parkinson requer um verdadeiro exército multidisciplinar. “É uma engrenagem. Se faltar uma peça, ela não roda direito”, compara Rocha.

Fonoaudiólogos ajudam a prevenir complicações como a disfagia, que pode levar a pneumonias — responsável por cerca de 40% das mortes em pacientes nas fases avançadas da doença. Psicólogos e neuropsicólogos trabalham o impacto emocional do diagnóstico e auxiliam na adaptação dos pacientes e famílias.

“É fundamental incluir a família no cuidado. O acolhimento e a compreensão são pilares para garantir que o paciente enfrente a doença com dignidade e esperança”, reforça Dr. Rocha.

Além disso, há a importância das terapias físicas e ocupacionais, que promovem melhora da mobilidade e independência. Estudos recentes demonstram que exercícios de resistência retardam a progressão da doença, promovendo bem-estar e função motora mais estável.


A esperança que se renova na ciência

Apesar dos avanços, a cura definitiva para o Parkinson ainda é um desafio. Pesquisas em andamento buscam medicamentos que possam interromper ou retardar a degeneração neuronal. Algumas já mostraram resultados positivos em modelos experimentais com animais, mas ainda não chegaram a soluções clínicas para os seres humanos.

“Ainda não temos a cura, mas temos esperança. O que já conseguimos hoje em termos de controle dos sintomas e qualidade de vida é gigantesco”, conclui Dr. Rocha.

Para ele, o caminho mais eficaz ainda é a informação e a conscientização. “Isolamento não é solução. Nenhuma doença deve ser enfrentada sozinha”, orienta.


Serviço

4º Simpósio de Distúrbios do Movimento da FAMERP
📅 Data: 1 a 3 de maio de 2025
📍 Local: Centro de Convenções da FAMERP, São José do Rio Preto (SP)
🎟️ Inscrições gratuitas para pacientes, cuidadores e familiares, e inscrições abertas para médicos, profissionais da saúde e alunos.
🔗 Garanta sua vaga: Clique aqui
👥 Vagas limitadas a 220 pessoas para o público geral.

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