Moradores da Boa Vista se mobilizam antes de anúncio sobre Centro Pop; governo sinaliza recuo

Rodrigo Lima
Coronel Fábio recebeu vereadores de frente parlamentar em seu gabinete/imagem – divulgação

Moradores do bairro Boa Vista, em São José do Rio Preto, intensificaram nas últimas horas a articulação contra a possível instalação do Centro Pop na região. Em grupos de WhatsApp, lideranças comunitárias têm convocado vizinhos e simpatizantes para pressionar o prefeito Coronel Fábio Candido (PL) a desistir da ideia de transferir o equipamento social, destinado ao acolhimento de pessoas em situação de rua, para a área residencial.

O clima de expectativa antecede o que moradores chamam de “dia D”. O Diário do Rodrigo Lima apurou que o chefe do Executivo pretende oficializar a decisão na próxima sexta-feira (4), em reunião marcada para as 14h com representantes da comunidade na área, onde o equipamento seria instalado. Coronel Fábio, no entanto, deve anunciar algum outro equipamento público no bairro Boa Vista. “A decisão só existe na cabeça do prefeito”, disse um representante do governo nesta quarta-feira (2).

Interlocutores do governo e vereadores envolvidos nas tratativas avaliam, em caráter reservado, que a pressão popular deve surtir efeito. A avaliação predominante no entorno do prefeito é que ele deve anunciar a manutenção do Centro Pop em outro endereço, cedendo aos apelos de moradores que temem impacto sobre o cotidiano do bairro.

O tema dominou parte da agenda política nas últimas semanas e foi debatido por vereadores que integram a Frente Parlamentar criada para acompanhar a discussão. O grupo é presidido por Jonathan Santos (Republicanos) e conta com a participação de Abner Tofanelli (PSB), Dinho Alahmar (PL) e Felipe Alcalá (PL).

Em reunião recente, os parlamentares defenderam que a Prefeitura apresente um posicionamento “claro e definitivo” para encerrar a incerteza e garantir transparência sobre os rumos do serviço. Os vereadores também ressaltaram que a instalação de um equipamento de assistência social exige diálogo com todos os segmentos envolvidos e equilíbrio entre o direito à moradia e a dignidade de quem vive nas ruas.

“Ao longo deste processo, reforçamos a importância de um posicionamento claro à população e reconhecemos o empenho do Executivo em tratar o tema com responsabilidade”, afirmou Jonathan Santos.

A primeira reunião da Frente Parlamentar ocorreu em 4 de junho, quando o governo, por intermédio do secretário de Obras, Fábio Marcondes, assegurou que não havia decisão formal sobre a transferência do Centro Pop e se comprometeu a apresentar uma definição em até 30 dias. Com o prazo expirando nesta semana, vereadores procuraram o prefeito pessoalmente para reiterar a necessidade de um anúncio oficial.

O encontro nesta sexta-feira ocorre num momento em que a pressão social e política atinge seu ápice. Segundo relatos, vereadores ouviram do prefeito a sinalização de que um posicionamento definitivo será apresentado no encontro.

A presença de Marcondes também tem sido considerada decisiva para pacificar o debate. Embora interlocutores do governo digam que o tema foi tratado com “sensibilidade social”, a pressão de moradores e os custos políticos de insistir na transferência pesarão sobre a decisão final.

A eventual desistência de levar o Centro Pop ao bairro seria vista como uma vitória do movimento comunitário que se articulou para barrar a mudança. Já integrantes da Prefeitura ponderam que a medida atende a uma reivindicação legítima, mas exigirá uma solução de médio prazo para o serviço, que enfrenta estrutura defasada em seu endereço atual.

A reunião desta sexta deve definir o destino do Centro Pop — e marcar o desfecho de um dos debates mais tensos do início do mandato de Coronel Fábio Candido.

Conselhos tutelares 

A Prefeitura deve anunciar em breve a criação de dois novos conselhos tutelares no município para o próximo ano. A medida atende a uma demanda antiga para ampliar a rede de proteção à infância e à adolescência na cidade, que hoje conta com apenas duas unidades — uma na região Norte e outra na Sul —, número abaixo do recomendado para a população de cerca de 500 mil habitantes.

Durante participação na Câmara Municipal nesta terça-feira (1º), a secretária de Assistência Social, Sandra Reis, confirmou que o governo já encomendou estudos técnicos e planeja estruturar os novos conselhos dentro do orçamento até o fim de 2025. A proposta deverá integrar o próximo Plano Plurianual (2026-2029). CLIQUE AQUI PARA ASSISTIR A ENTREVISTA COM A SECRETÁRIA.

A expectativa é que os novos conselhos custem cerca de R$ 1,76 milhão por ano, valor que engloba salários, equipe de apoio, veículos e despesas operacionais. A Prefeitura também estuda a implantação da chamada “Casa dos Conselhos Tutelares”, reunindo as unidades em uma única sede para reduzir custos e melhorar o atendimento.

O debate ocorre após cobrança intensa de vereadores e movimentos sociais, e a sinalização do Executivo é de que ao menos um novo conselho deve sair do papel já neste ano, com previsão de dois até o fim de 2025.

 

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