
O Zoobotânico de São José do Rio Preto recebeu na última sexta-feira, 04/07, um exemplar macho de onça-pintada (Panthera onca), com 2 anos de idade e pesando 50 kg, vindo do BioParque Vale Amazônia, em Parauapebas (PA).
O animal foi apreendido pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), em 2023, em cativeiro ilegal, ainda filhote, junto com seu irmão, em Tomé Açu (PA). Encontrados sem a mãe, ambos estavam desnutridos e com coleiras de cachorro.
Famintos e debilitados, após o resgate, os filhotes foram levados ao Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres (Cetras) UFRA com raquitismo, o que fazia com que eles se arrastassem pelo chão para se locomover. Segundo divulgação do Ibama Pará na época, eles foram vítimas de caçadores, após matarem a onça-mãe.
Após cuidados veterinários, os filhotes começaram a se movimentar. Com a melhora da saúde, as onças-pintadas foram levadas para BioParque Vale Amazônia, em Parauapebas, no Pará, onde permaneceram sendo assistidas até este início de julho. De acordo com o veterinário responsável pelo acompanhamento dos animais no BioParque, Nereston de Camargo “os animais foram acolhidos, tratados e desenvolveram-se bem, estando hoje fortes e saudáveis”.
“O intercâmbio entre os zoológicos e parques é ação prevista nos Planos Nacionais de manejo, que conta com o BioParque Vale Amazônia como um dos centros referência no Brasil, em ações como essa, voltadas para conservação de espécies ameaçadas, como a onça-pintada”, completou o veterinário do BioParque Vale Amazônia.
Conservação da espécie
A transferência do felino para o Zoobotânico Municipal de Rio Preto, bem como do seu irmão, no dia 03/07, para o Zoológico Municipal de Guaíra-SP, faz parte do Programa de Conservação e Manejo Ex Situ de Espécies Ameaçadas, coordenado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), em parceria com o Ministério do Meio Ambiente (MMA), a Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil (AZAB) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), que concedeu a Autorização de Transporte para o animal.
O Ibama alerta que capturar, perseguir, matar ou ter em cativeiro sem origem legal animais silvestres é crime, previsto na Lei de Crimes Ambientais.
Força-tarefa
O transporte de um grande felino exigiu uma força-tarefa que envolveu diversas instituições: Ibama, ICMBio, Azab, Bioparque Vale Amazônia, Latam por meio do seu programa Avião Solidário; além da Prefeitura de São José do Rio Preto, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo, equipe do Zoobotânico Municipal e da Secretaria Municipal de Bem-Estar Animal.
A primeira etapa da viagem foi rodoviária, entre Parauapebas/PA até Marabá/PA. O transporte do animal foi realizado por via aérea, de Marabá/PA a Guarulhos/SP, com escala em Brasília/DF, por meio do Avião Solidário da Latam, com todas as normas técnicas do setor sendo rigorosamente obedecidas. Em Guarulhos, a onça foi recepcionada pela equipe veterinária do Zoológico e transportada por via rodoviária até São José do Rio Preto/SP, perfazendo um total de mais de 3 mil Kms percorridos.
Segundo a assessoria da Latam, se fosse uma viagem terrestre, o felino teria enfrentado mais de 35 horas de estrada entre Marabá e São Paulo; porém, a bordo da aeronave da LATAM, bastaram seis horas de voo. O transporte foi realizado, gratuitamente, por meio do programa Avião Solidário da LATAM, em parceria com a Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil (AZAB).
Casa nova
O recinto que abrigará o felino é novo e nunca foi habitado. Possui uma área total de 477,33 metros quadrados e foi cuidadosamente projetado para garantir o bem-estar do animal.
O espaço conta com diversas opções de deslocamento vertical e horizontal, enriquecimentos físicos para estimular a interação e gasto energético, troncos e galhos para manutenção natural das garras, e um tanque para estimular o nado. “A equipe responsável pelo bem-estar animal garantiu pontos de fuga para que o animal possa se recolher quando desejar, evitando o estresse e respeitando a literatura sobre bem-estar animal”, afirma o veterinário responsável técnico do Zoobotânico, Bernhard Von Schimonsky.
A estrutura arquitetônica ainda dispõe de dois cambiamentos, solário, maternidade, lago artificial e vidros temperados triplos com vista para a lanchonete e o passeio do parque.
Quarentena e adaptação
A recepção do novo morador será marcada por um período de isolamento e observação. O felino será mantido em local isolado, onde será observado de forma cuidadosa para que não seja exposto a fatores estressantes, como presença de público ou outros animais. A liberação para visitação ocorrerá somente quando a equipe de bem-estar animal estiver segura da condição física e do bem-estar do animal”, a veterinária do Zoobotânico que acompanhou o transporte e cuida do manejo clínico, Natasha Fujii Ando.
Após o período de adaptação e quarentena, a rotina da onça-pintada será adaptada para dar continuidade ao manejo realizado no local de origem. O condicionamento inicial se concentrará no uso dos cambiamentos, espaços onde o animal permanecerá para alimentação enquanto o recinto é limpo e mantido.
Conservação e Reprodução
A onça-pintada macho não é castrada e está apta para reprodução após atingir a maturidade sexual, o que acontece por volta dos 3 a 4 anos nos machos da espécie.
O Zoobotânico de Rio Preto integra o Programa de Conservação da Onça-Pintada, e suas instalações foram consideradas ideais pelo ICMBio e pela AZAB para permitir a reprodução da espécie. A instituição aguardará a indicação do ICMBio para o recebimento de uma fêmea, visando o pareamento e a contribuição para o aumento populacional da onça-pintada em cativeiro.
A chegada da onça-pintada é resultado de um processo rigoroso de avaliação. “O recebimento dessa onça ocorreu após todas as condições do Zoológico serem apresentadas ao ICMBio e para a AZAB, como planta e fotos do recinto, quadro de funcionários, equipe, instalações e equipamentos de apoio veterinário, etc.”, detalha o veterinário responsável técnico do Zoobotânico.
Últimas onças-pintadas
O Zoobotânico já abrigou outras onças-pintadas em seu histórico. Diana, que chegou em 2002 com idade estimada de 9 anos, viveu até os 25 anos, falecendo de causas naturais em 2018. Vinícius, que veio do Zoo de Ilha Solteira em 2005, faleceu em 2019 de insuficiência cardíaca congestiva. O comprometimento do Zoobotânico com a saúde e o bem-estar dos animais é uma prioridade, refletida na constante busca por aprimoramento e no envolvimento em programas de conservação.
Sobre Zoobotânico
O Zoobotânico Municipal de São José do Rio Preto, antigo Bosque/Zoológico, é um complexo que possui mata nativa e abriga aproximadamente 300 animais, divididos entre mais de 70 espécies.
Está situado em uma área urbana de 14 hectares com remanescente de vegetação da Mata Atlântica e Cerrado. A partir da reforma, o Zoológico passou a ser denominado oficialmente Zoobotânico, por focar o seu trabalho na conservação de fauna e também de flora regional nativas.
Referência em conservação
A instituição é um centro de referência para toda a região, atendendo mais de 100 municípios, na salvaguarda de animais silvestres vítimas do tráfico, atropelamentos, queimadas, além de acolhimento de filhotes órfãos. Aqueles que se recuperam são devolvidos para a natureza, os que têm sequelas ou, por outros motivos não podem voltar ao habitat natural, são encaminhados para outras instituições de acolhimento ou passam a fazer parte do plantel. O trabalho de conservação é desenvolvido em parceria com a Polícia Ambiental, Ibama, Icmbio, Azab e universidades. A instituição é mantida exclusivamente pela Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo, com recursos próprios.
O Zoobotânico agora fica na Avenida Nelson da Veiga, 1400, Jardim do Bosque (de frente à Praça e Escola Municipal Castelo do Bosque). Após obras de reforma, reestruturação e revitalização, o Zoobotânico Municipal (antigo Bosque Zoológico) foi reinaugurado no final de 2024, passando a ser uma instituição integralmente voltada à conservação de espécies da fauna e flora nativas, e à educação ambiental.
O espaço agora possui mais acessibilidade, conforto e informação aos visitantes e, principalmente, melhora da qualidade de vida e bem-estar dos animais, bem como a estrutura de atendimento, com ampliação e ambientação dos espaços, recriando habitat mais próximo ao natural.
Recintos mais espaçosos, com mais enriquecimento ambiental e que possibilitam uma interação maior do animal integram o projeto, o que abre espaço para o recebimento de novos exemplares e espécies, oferecendo uma experiência imersiva, lúdica e educativa aos visitantes. A concepção desse projeto alinha o Zoobotânico de São José do Rio Preto aos mais importantes centros de conservação de espécies do Brasil e do exterior.
Id visual, recintos e trilhas
A reforma/revitalização contemplou a construção dos recintos dos Macacos-Aranha, Cachorros-do-mato e Raposinha do Campo, Casuar-de-capacete, Veados-catingueiro, Emu, Cisnes, Gatos-selvagens, Harpia, Hipopótamos, Jacaré, Jaguatirica, Lobo-guará, Macacos-prego, Onça-parda, Onça-pintada, Quati, Aves e Rapinantes, Saguis, Serpentário. Contemplou ainda as outras instalações e serviços, como a maternidade para filhotes órfãos, sanitários, lanchonete e portaria.
A identidade visual foi desenvolvida para ir de encontro à proposta de educação ambiental, reunindo elementos de diferentes referências culturais, étnicas, históricas e da natureza.
Com a obra, o Zoobotânico ganhou uma paleta de cores vibrantes que mistura cores solares do amarelo, passando pelo laranja até ao vermelho; cores terrosas que remetem também a pelagem de animais símbolo do parque como a anta e o tamanduá-bandeira e, por fim, misturando tons botânicos diferentes do verde mais claro da pena do papagaio ao mais escuro que remete às florestas. Estas cores são vistas nos prédios e também em toda a comunicação visual e arte decorativa do parque.
As funções didáticas do muralismo se uniram à arte do grafitti na criação de murais temáticos que introduzem às três trilhas de visitação criadas: Onça-pintada, Tamanduá-bandeira e Lobo-guará.
As soluções técnicas adotadas também buscaram preservar ao máximo as árvores e a flora existente no local. Uma área foi reservada para o replantio de 900 mudas de árvores nativas que vão reflorestar o parque, além daquelas também plantadas nos novos canteiros, recintos e ilhas.
A estrutura antes da obra, com algumas pequenas reformas e adaptações, era a mesma de cinco décadas atrás, quando o propósito era apenas o lazer. As leis ambientais evoluíram, o bem-estar animal e as ações de preservação de espécies ganharam força, trazendo a necessidade de adequação dos espaços e alterando o perfil da instituição, hoje focada na educação ambiental, sustentabilidade e conservação.
INFORMAÇÕES ZOOBOTÂNICO
Para visitar o Zoobotânico Municipal é necessário o agendamento prévio pelo site riopreto.sp.gov.br/zoobotanico
-Visitação disponível de terça-feira a domingo para o público em geral
-Visitação disponível para excursões escolares/institucionais de terça-feira a sexta-feira.
-Para ambos os casos é necessário agendamento (no site há link específico para agendamento individual/familiar e para excursões)
Informações Gerais:
📌 Duração da visita: Até 2 horas.
📌 Opções de horários de visitação: 9h, 11h,13h,15h
📌 Trilhas temáticas: Onça-pintada, Tamanduá-bandeira e Lobo-guará.
📌 Monitores: Disponíveis para acompanhamento opcional.
📌 Horários: Devem ser rigorosamente respeitados para o bem-estar dos animais e visitantes.
O objetivo do Zoobotânico é acolher a todos da melhor forma possível. Para garantir um atendimento justo e organizado, a instituição realiza a seguinte ordem de entrada:
-Pessoas com horário agendado têm prioridade de acesso.
-Entre os agendados, preferenciais (como pessoas com crianças de colo, gestantes, idosos e pessoas com deficiência) são atendidos primeiro.
-Após o atendimento de todos os agendados, por volta de 15 minuto após os 04 horários (9h, 11h, 13h e 15h), iniciamos o atendimento das pessoas sem agendamento prévio, conforme a capacidade do espaço. A orientação é para que o visitante sempre faça o agendamento prévio.
📌 Durante as férias, o volume de visitantes é maior, o que pode gerar maior tempo de espera. O Zoobotânico agradece a sua compreensão e respeito com os colaboradores, que estão no local para ajudar. O compromisso da instituição é oferecer a melhor experiência possível a todos!
