Zoobotânico atendeu mais de 525 animais silvestres em 2025

Rodrigo Lima

O Zoobotânico Municipal de São José do Rio Preto divulgou o balanço de atendimentos a animais silvestres realizados ao longo de 2025. Até o dia 8/10 último, o setor técnico contabilizou o recebimento de 525 exemplares, entre aves, mamíferos e répteis, encaminhados por diferentes motivos – desde resgates e apreensões até acidentes e entregas voluntárias, sempre por meio da Polícia Militar Ambiental e Ibama.

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Aves estão entre os grupos de animais mais recevidos pelo Zoo. Na foto filhotes de periquito – Foto: Arquivo – Marcos Morelli/SMCS

Perfil dos atendidos

De acordo Entre os grupos de animais atendidos no Zoo, as aves lideram o número de entradas, com 367 registros (70%), seguidas de 146 mamíferos (28%) e 12 répteis (2%). “A maior parte chegou ao Zoo vítima de traumas — 275 casos —, o que representa mais da metade dos atendimentos. Outros 188 animais eram filhotes órfãos, 17 foram entregues voluntariamente, 9 vieram de apreensões da Polícia Ambiental, 8 por causas nutricionais e 28 chegaram hígidos, ou seja, sem ferimentos ou doenças”, explica a médica veterinária do Zoobotânico, Natasha Fujii Ando.

Causas e destino

Os principais motivos de trauma foram atropelamentos (45 casos), ataques de outros animais (17), maus-tratos (15), intoxicações (8) e queimaduras ou choques elétricos (4), além de 186 traumas diversos decorrentes de colisões, quedas e acidentes com fios e estruturas urbanas.
Dos 525 animais recebidos, 106 foram reabilitados e devolvidos à natureza ou encaminhados a outras instituições parceiras, enquanto 69 permanecem internados para tratamento. Outros 6 foram incorporados ao plantel permanente do Zoobotânico, que abriga animais sem condições de retorno ao ambiente natural. O relatório também registra 180 eutanásias — em casos clínicos irreversíveis — e 164 óbitos decorrentes de ferimentos ou debilidade extrema.

Novos do plantel

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Filhote órfão  de tamanduá-bandeira recebe mamadeira no Zoobotânico – Foto: Arquivo – Ivan Feitosa SMCS

Entre os animais que passaram a integrar o plantel fixo em 2025 estão espécies emblemáticas e de relevância para a conservação, como duas harpias (gaviões-reais) encaminhadas pelo Cetas/Ibama de São Francisco de Paula (RS), uma onça-pintada vinda do Bio Parque Vale Amazônia (PA) e três tamanduás-bandeira órfãos resgatados em diferentes municípios paulistas. Também foram incorporados papagaios-verdadeiros, tucano-toco, arara-canindé, sauim-de-coleira e cachorros-do-mato, reforçando o papel do Zoobotânico como centro de referência em acolhimento, manejo e conservação de fauna nativa.

Pesquisa e ciência

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Cervídeo: parceria Unesp 

O Zoobotânico vem mantendo em 2025 uma forte atuação no campo científico, com trabalhos apresentados no Congresso da Associação dos Zoológicos e Aquários do Brasil (Azab), realizado em Brasília, entre 10 e 14/06. Os estudos abordaram reabilitação de fauna vítima de causas antrópicas, tratamentos cirúrgicos e clínicos em mamíferos e primatas, e casos raros de doenças genéticas em animais silvestres.

Os temas incluíram: consolidação óssea em fauna silvestre fraturada por causas humanas; manejo clínico-cirúrgico de cachorro-do-mato politraumatizado; relato de osteogênese imperfeita (doença genética) em cachorro-do-mato e tratamento de fístula infraorbitária em sagui-de-mão-dourada.

Além disso, foi firmada parceria com a Unesp de Jaboticabal, coordenada pelo professor José Maurício Barbanti Duarte, do Núcleo de Pesquisa e Conservação de Cervídeos (Nupecce). O projeto conjunto, intitulado “Cronologia do desenvolvimento embrionário inicial e migração uterina embrionária em veado-catingueiro”, visa ampliar o conhecimento sobre a biologia reprodutiva da espécie e subsidiar ações de conservação e manejo populacional.

 

Filhotes de onça-parda estão entre 
quase 200 órfãos recebidos em 2025

 

Onças filhote -outubro 2025 Fotos – Ligia Cipriano Mizuno – Veterinária residente 2 – Zoobotânico (1).jpg

Após traumas, este é o segundo maior motivo de atendimento a animais silvestres; fatores como queimadas, perda de habitat e avanço urbano contribuem para o aumento dos casos

O resgate pela Polícia Militar Ambiental de dois filhotes órfãos de onça-parda (Puma concolor), acolhidos nesta quinta-feira (10/10) pelo Zoobotânico de São José do Rio Preto, ilustra um cenário crescente de ocorrências envolvendo animais silvestres na região. Até o dia 8/10, o centro de fauna havia recebido 188 filhotes órfãos, o que representa o segundo maior grupo de atendimentos registrados em 2025 — atrás apenas dos casos de traumas, que somam 275 ocorrências no período.
Entre os principais fatores que explicam esse aumento estão as queimadas em áreas de preservação, a diminuição dos habitats naturais e, consequentemente, da oferta de alimentos, além do avanço urbano, das rodovias e das lavouras sobre os ecossistemas nativos. Essas condições frequentemente resultam na morte dos pais, seja em acidentes ou incêndios, deixando os filhotes sozinhos e vulneráveis, ou na separação acidental durante atividades agrícolas e deslocamentos.

Filhotes de onça

Foi justamente o que ocorreu na madrugada desta quinta-feira (10/10), quando funcionários de uma usina em Monte Aprazível, durante o processo de colheita em um canavial, encontraram os dois filhotes de onça sozinhos, aparentemente separados da mãe após a passagem das máquinas.A equipe acionou imediatamente a Polícia Militar Ambiental, que prestou os primeiros cuidados e encaminhou os animais ao Zoobotânico de Rio Preto para avaliação e tratamento veterinário especializado.

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Filhotes de onça são alimentados a cada 2h – foto: Ligia Cipriano Mizuno

Os filhotes — um macho e uma fêmea com aproximadamente três a cinco semanas de vida — chegaram levemente hipotérmicos, mas em bom estado geral e sem ferimentos. A fêmea pesa 852 gramas, e o macho, 848 gramas.

De acordo com a médica-veterinária Natasha Fujii Ando, responsável pelo acompanhamento clínico, os animais estão sob cuidados intensivos e monitoramento 24 horas por dia. “Eles passaram por avaliação completa e estão sendo acompanhados pela equipe veterinária do Zoo. A dieta é composta por um substituto de leite materno específico, garantindo os nutrientes necessários ao desenvolvimento”, explica.

O objetivo, segundo a equipe técnica, é assegurar a recuperação plena dos filhotes para que, quando atingirem as condições ideais, possam ser reabilitados e reintroduzidos na natureza, com a devida autorização e supervisão dos órgãos ambientais competentes.

O caso reforça a importância da cooperação entre o agronegócio e os órgãos de fiscalização na proteção da fauna silvestre, sobretudo em regiões de intensa produção agrícola, onde a convivência entre a atividade humana e a vida selvagem requer atenção redobrada.

A Polícia Militar Ambiental orienta que qualquer pessoa que encontrar animais silvestres em situação de risco ou fora de seu ambiente natural deve acionar o Disque 190, garantindo o resgate seguro e o encaminhamento a centros autorizados, como o Zoobotânico de São José do Rio Preto.

Sobre o Zoobotânico 

Reinaugurado no final de 2024 após ampla reforma e revitalização, o Zoobotânico Municipal de São José do Rio Preto se consolida cada vez mais como modelo de conservação da fauna e flora nativas, com foco em bem-estar animal, educação ambiental e manejo técnico especializado.

Localizado em uma área de 14 hectares com remanescentes de Mata Atlântica e Cerrado, o espaço abriga aproximadamente 300 animais de mais de 70 espécies. O Zoobotânico é mantido pela Prefeitura de Rio Preto, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo, e atua em parceria com órgãos como a Polícia Ambiental, Ibama, ICMBio, Azab e universidades.

“A instituição é referência regional no acolhimento, recuperação e reabilitação de animais silvestres vítimas do tráfico, queimadas e atropelamentos. Aqueles que não podem retornar à natureza permanecem sob cuidados permanentes ou são encaminhados a outras instituições de manejo”, afirma a técnica administrativa do Zoobotânico, Camila Pacifico Sparvoli.

O novo projeto arquitetônico ampliou recintos, recriou habitats naturais, melhorou a acessibilidade e o conforto dos visitantes, além de oferecer experiências educativas e imersivas sobre o papel da fauna e flora na manutenção dos ecossistemas.

Serviço – Visitação ao Zoobotânico Municipal de Rio Preto

📍 Endereço: Avenida Nelson da Veiga, 1400 – Jardim do Bosque (em frente à Praça e à Escola Municipal Castelo do Bosque)
📅 Visitação: Terça a domingo, horários das 9h, 11h, 13h e 15h

🌐 Sem agendamento (com limite de pessoas): Chegar pelo menos 15 minutos antes
🌐Com agendamento: riopreto.sp.gov.br/zoobotanico

🎯 Entrada gratuita
👨‍👩‍👧‍👦 Indicado para todas as idades — espaço educativo, acessível e com áreas de lazer e trilhas naturais

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