
O ato batizado de “Enterro Político do prefeito e dos 14 Vereadores”, que prometia transformar o Calçadão de Rio Preto em palco de uma grande manifestação contra o aumento do IPTU, terminou neste sábado (4) com baixa adesão e clima morno.
O protesto, organizado por grupos de moradores que haviam liderado as mobilizações virtuais contra o reajuste do imposto, teve público reduzido e sem a presença das principais lideranças dos condomínios, que vinham protagonizando o embate com o governo municipal nas últimas semanas.
Na prática, o ato que previa o “velório simbólico” dos parlamentares que aprovaram o projeto, e do prefeito Coronel Fábio Cândido (PL) acabou reunindo mais militantes políticos do que contribuintes comuns.
“Enterro” sem cortejo
A cena no Calçadão contrastou com o tom épico dos convites que circularam em grupos de WhatsApp nos dias anteriores. Com pequenos caixões, cartazes chamativos ou faixas de moradores, o protesto acabou restrito a pequenos grupos ligados a associações de bairro da Boa Vista e ativistas de esquerda.
O próprio presidente do PT de Rio Preto, Carlos Alexandre, admitiu surpresa com o esvaziamento. Ele afirmou que havia sido chamado pelos representantes do condomínios, que não compareceram. A reportagem do Diário do Rodrigo Lima conversou com uma das lideranças que alegou que a estratágia de “enterrar” os parlamentares e o prefeito foi equivocada. “O nosso caminho é o Ministério Público”, disse.
Nenhum parlamentar contra ou a favor do reajuste do IPTU compareceu ao ato, mas alguns preferiram enviar assessores para gravar cenas da manifestação, como foi o caso de Abner Tofanelli (PSB) e Felipe Alcalá (PL).
A ausência das lideranças que vinham inflamando o debate sobre o IPTU abriu espaço para uma curiosa mistura de cores políticas. O que começou com discursos de viés progressista logo atraiu militantes de direita, que chegaram ao Calçadão para confrontar o grupo. O resultado foi um cenário típico das redes sociais: muita troca de acusações e poucos argumentos técnicos sobre a lei aprovada.
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Do grito virtual ao silêncio real
O esvaziamento contrasta com o barulho que o tema provocou nas semanas anteriores. No fim de setembro, a Câmara aprovou, em sessão tensa, o projeto de atualização da Planta Genérica de Valores enviado pelo Executivo. A proposta original previa reajustes que poderiam ultrapassar 200%, mas a pressão popular levou o governo a recuar e fixar o limite em 20% para 2026.
Mesmo assim, pontos polêmicos permaneceram no texto, como o imposto progressivo sobre terrenos ociosos e a revisão periódica da planta genérica, temas que continuam alimentando o descontentamento de parte dos moradores.
Entre o barulho e o silêncio
O prefeito Coronel Fábio Cândido (PL), que havia retornado de viagem aos Estados Unidos na véspera, ironizou o protesto ao afirmar que o seu antecessor deveria ser “enterrado”. Clique aqui para assistir a entrevista.
O tão aguardado “enterro político” dos autores do aumento do IPTU acabou parecendo mais um velório sem corpo e sem cortejo, regado a manifestações tímidas, um gole d’água no moinho da oposição, que esperava mar revolto e encontrou apenas um filete de insatisfação.