VEJA VÍDEOS – Megaoperação expõe estrutura milionária de organização criminosa ligada ao tráfico de drogas e ao PCC em Rio Preto

Rodrigo Lima
29 pessoas foram presas e mais de R$ 400 milhões em movimentações financeiras foram detectadas; ação contou com forças estaduais e federais, além do GAECO/imagem – Rodrigo Lima 21/05/2025

Uma operação de grande escala, deflagrada na manhã desta quarta-feira (21), mobilizou dezenas de viaturas, policiais federais, militares e promotores de justiça para cumprir ordens judiciais contra uma organização criminosa acusada de atuar no tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e associação para o crime organizado em São José do Rio Preto e outras cidades da região.

Batizada de Operação Atelis, a ofensiva é resultado de uma investigação conjunta entre o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) do Ministério Público de São Paulo e a Polícia Federal. As ações ocorreram com apoio direto do Comando de Policiamento de Choque da Polícia Militar, incluindo a ROTA, o COE, o GATE e o Canil da PM.

Estrutura e funcionamento
As investigações identificaram uma estrutura criminosa altamente lucrativa, com movimentações financeiras que ultrapassaram R$ 400 milhões. De acordo com os promotores, a organização utilizava principalmente caminhões frigoríficos para o transporte de cocaína — uma estratégia para dificultar a fiscalização nas rodovias e evitar detecções por conta do lacre sanitário obrigatório nesses veículos.

Durante o curso da apuração, mais de 2 toneladas de cocaína foram apreendidas. Parte da droga era transportada escondida em compartimentos secretos nos caminhões, outras vezes misturada à carga regular de carne.

Além de São José do Rio Preto, as ações judiciais atingiram Mirassol, Tanabi e Pontes e Lacerda, no Mato Grosso. No total, foram expedidos:

17 mandados de prisão preventiva

16 mandados de prisão temporária

40 mandados de busca e apreensão

54 ordens de bloqueio de bens e valores

A operação resultou em 29 prisões, sendo que quatro investigados seguem foragidos.

Lavagem de dinheiro e bens bloqueados
O grupo investigado também se valia de estratégias sofisticadas de lavagem de dinheiro, com aquisição de imóveis, veículos e até envolvimento em negócios imobiliários e garagens de automóveis. Parte dos integrantes também é investigada por praticar agiotagem, utilizando crimes financeiros como forma de justificar o capital ilícito acumulado.

A Justiça decretou o bloqueio e a indisponibilidade de diversos bens, como forma de asfixiar financeiramente a organização. Segundo os investigadores, o golpe no patrimônio do grupo é uma das maneiras mais eficazes de enfraquecer sua capacidade de operar.

Confrontos e letalidade
Durante os cumprimentos dos mandados, dois investigados reagiram com violência e morreram em confronto com as forças policiais. Um deles estava armado com duas armas de fogo e já possuía antecedentes por crimes como o resgate de presos. No total, o Comando de Policiamento de Choque da PM efetuou oito prisões, além de apreender um fuzil, seis outras armas de fogo e cinco veículos utilizados pela quadrilha.

As autoridades confirmaram que todos os esforços foram feitos para que as prisões ocorressem de maneira pacífica, mas em alguns casos houve necessidade de resposta proporcional diante da resistência armada.

Perfil dos investigados
A operação tem como alvo tanto traficantes e transportadores quanto os lavadores de dinheiro e os proprietários da droga. A investigação busca desarticular todo o “ecossistema criminoso” envolvido, mirando nos diferentes níveis hierárquicos da estrutura da organização.

As autoridades também destacaram a participação de mulheres no núcleo decisório do grupo, quebrando estereótipos de que envolvimento feminino no crime organizado se limitaria a papéis secundários ou de suporte aos companheiros. Entre os presos, há mais de uma mulher com atuação central e capacidade de decisão.

Apesar de os principais articuladores não residirem em São José do Rio Preto, a cidade funcionava como entreposto logístico da droga, por conta de sua localização estratégica e extensa malha rodoviária. O destino final das cargas ainda está em apuração.

Relação com o PCC e facções
As investigações identificaram conexões diretas com o Primeiro Comando da Capital (PCC). A organização era formada por um grupo heterogêneo, que incluía desde integrantes do crime organizado violento até figuras de colarinho branco envolvidas em operações financeiras de fachada.

Esse novo perfil aponta para um modelo de atuação híbrido, no qual faccionados colaboram com organizações regionais para o compartilhamento de rotas, lucros e estruturas logísticas, aumentando a sofisticação e o poder do crime organizado no interior paulista.

Prisões de policiais militares em outra operação
Paralelamente à Operação Atelis, a Corregedoria da Polícia Militar realizou a prisão de quatro policiais militares e cumpriu mandado de busca na residência de um quinto suspeito. Essa ação, no entanto, não tem relação direta com a operação do GAECO e da PF.

Esses policiais são investigados por crimes militares, como agiotagem, ameaça e envolvimento em homicídios relacionados à cobrança de dívidas decorrentes de empréstimos com juros abusivos. Três deles estavam na ativa, enquanto um já havia sido desligado da corporação.

Os detidos foram conduzidos ao presídio militar Romão Gomes, onde ficam à disposição da Justiça Militar.

Etapas seguintes
Os presos serão interrogados e permanecerão sob custódia enquanto prosseguem as investigações. As diligências continuam com a análise de provas materiais apreendidas, o rastreamento de bens e a busca pelos foragidos.

Ao final da apuração, o Ministério Público, por meio do GAECO, oferecerá as denúncias formais com base em crimes como:

Tráfico de drogas

Associação para o tráfico

Organização criminosa

Lavagem de dinheiro

Posse ilegal de arma de fogo (nos casos em flagrante)

A operação segue em andamento e pode ter novos desdobramentos caso outras ramificações da organização sejam identificadas, incluindo possíveis envolvidos com perfil empresarial ou político. A força-tarefa já deixou claro que nenhum suspeito será poupado, independentemente de sua aparência ou status social.

Forças envolvidas
A operação foi coordenada por promotores do GAECO, com apoio do comando regional da Polícia Militar, incluindo o coronel Wilson, comandante da PM de Rio Preto, o coronel Ancord, responsável pelos batalhões de choque, e o tenente-coronel Virgílio, comandante da ROTA. Também participaram o major Veiga, coordenador operacional da ROTA, e o coronel Nilson, que conduziu a operação com base na análise de risco.

A Polícia Federal, com base em São José do Rio Preto, desempenhou papel crucial na coleta de inteligência e no mapeamento financeiro da organização.

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