Em visita a São José do Rio Preto neste sábado (15), onde participou da formatura do 11º ciclo do Caminho da Capacitação, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) usou a entrevista coletiva para reforçar sua presença e , defender realizações de sua gestão e, ao mesmo tempo, evitar respostas categóricas sobre a disputa presidencial de 2026. Entre comentários descontraídos e recados políticos, ele afirmou que o PT “está certo em se preocupar” com a possibilidade de sua candidatura e ressaltou que pretende discutir “projetos de país” em encontro com o ex-presidente Jair Bolsonaro no dia 10 de dezembro.
A passagem pela região – a segunda em menos de 20 dias – teve tom eleitoral sem anúncio formal. Tarcísio destacou obras, investimentos e a importância estratégica do Noroeste Paulista para o Estado, insistindo na imagem de gestor presente no interior. “É uma região muito rica no agronegócio e na indústria, concentradora de demanda em saúde e fundamental para São Paulo. A gente tem muito apreço por essa região”, afirmou. Ele citou intervenções na Washington Luís, a segregação ferroviária em cidades do entorno e a ampliação de equipamentos hospitalares como pilares do fortalecimento da região. “O Hospital de Base é o que mais atende pelo SUS em São Paulo. A gente tem que olhar isso com carinho.”
O governador abriu a coletiva em tom informal, relatando histórias pessoais e brincando com jornalistas. Em seguida, reforçou o vínculo com Rio Preto: “Eu já sou de casa aqui. Fico na casa da dona Erlête, mãe do Campetti. Já chego abrindo a geladeira.” O tom amistoso, porém, não impediu que enfrentasse perguntas sobre política nacional e seu peso no cenário eleitoral.
Questionado sobre a declaração ao Diário do Rodrigo Lima do presidente estadual do PT, Kiko Celeguim – que afirmou aguardar a decisão de Tarcísio para definir o candidato petista ao governo paulista -, o governador respondeu que interpreta a fala como reconhecimento. “É sinal de respeito. Eles sabem do apreço das pessoas pelo nosso trabalho. É bom que fiquem preocupados mesmo.” Ele também evitou confirmar se aceitaria uma eventual “nova missão” pedida por Bolsonaro. “Tenho apreço e lealdade ao presidente Bolsonaro. Vamos conversar sobre projetos de país. Ele é o grande líder da direita”, afirmou, sem indicar se pretende disputar a Presidência.
Ao defender sua gestão, Tarcísio repetiu números apresentados em suas últimas agendas públicas: aumento recorde no volume de cirurgias pelo SUS paulista, abertura de cerca de oito mil leitos, retomada de obras paradas, expansão do metrô e manutenção de superávit fiscal. “Tem muita coisa para mostrar. E ainda tem muitos projetos olhando o longo prazo. Gostaria muito de ver esses projetos amadurecerem.”
A coletiva ocorreu após a cerimônia de formatura do Caminho da Capacitação, que reuniu 558 alunos de 13 municípios. Os cursos gratuitos, oferecidos em carretas itinerantes do Fundo Social de São Paulo, contemplaram áreas como gastronomia, beleza, confecção industrial, tecnologia, panificação e cuidados com pets. Segundo o governo, o programa já alcançou mais de 130 municípios e formou 6.999 pessoas no Estado. “As pessoas estão buscando emancipação, retomando autoestima, complementando renda, empreendendo. Isso não tem preço”, afirmou o governador. A primeira-dama, Cristiane Freitas, disse que a iniciativa “abre portas e cria caminhos para transformar realidades”.
Além das formaturas, prefeitos da região cobraram demandas por creches, infraestrutura, alternativas viárias e ampliação da rede de saúde. Tarcísio afirmou que as solicitações serão atendidas e classificou a região como “estratégica” tanto na gestão quanto no ciclo eleitoral. “Vamos olhar com muito carinho. É uma região populosa, com muitas necessidades distintas e que entrega muito para São Paulo.”
A entrevista terminou em clima familiar, com o governador afirmando que precisava voltar à capital para comemorar o aniversário de casamento e acompanhar a filha em um show. O gesto reforçou a estratégia de comunicação de Tarcísio, que mistura descontração e desempenho administrativo enquanto mantém em aberto seu movimento mais aguardado: o destino político em 2026.