VEJA VÍDEO – Secretária de Educação registra BO contra Montenegro por agressão verbal, em Rio Preto

Rodrigo Lima

O clima de tensão entre o vereador Alexandre Montenegro (PL) e a secretária de Educação de São José do Rio Preto, Renata Azevedo, atingiu um novo patamar nesta segunda-feira (9). A secretária registrou boletim de ocorrência por agressão verbal e constrangimento, após um episódio de confronto durante uma reunião com vereadores e servidores públicos. O vereador nega qualquer tipo de ofensa e afirma que apenas cobrou explicações em defesa de trabalhadores sem salário.

A discussão aconteceu no auditório da Prefeitura, em meio à mobilização de funcionários terceirizados que alegam atraso no pagamento de salários. O Executivo responsabiliza a empresa contratada pela inadimplência fiscal, o que, segundo Renata, impossibilitou o repasse direto dos valores.

Durante a reunião, segundo relatos da secretária e de outros presentes, Montenegro bateu na mesa, exigiu atenção visual da secretária e acusou-a de deboche. Renata, visivelmente emocionada em entrevista exclusiva ao Diário do Rodrigo Lima, explicou que sofre de uma paralisia facial sequela de um AVC irreversível, o que limita sua expressão facial.

“Ele disse que eu estava debochando dele com o olhar. Mas eu tenho uma paralisia do lado esquerdo do rosto. Nunca quis debochar, nunca olhei com desdém para ninguém”, afirmou Renata.

Ela ainda relatou ter se sentido “agredida psicologicamente”: “Ele me ameaçou dizendo que não me daria mais paz, que eu sofreria consequências. Isso ultrapassa o limite da cobrança institucional. Eu sou mulher, sou servidora pública, estou aqui para servir a população e não para ser intimidada”, desabafou a secretária, que confirmou o registro do boletim de ocorrência no 1º Distrito Policial.

A versão do vereador
Em entrevista ao Diário do Rodrigo Lima, o vereador Alexandre Montenegro apresentou outra versão dos fatos. Disse que em nenhum momento ofendeu a secretária, e que apenas cobrou explicações sobre os contratos com empresas terceirizadas, em especial quanto à fiscalização dos serviços e pagamentos.

“Eu estava defendendo mulheres que ganham mil reais e estavam sem receber. A secretária, enquanto eu falava, começou a mexer no celular e a balançar a cabeça. Pedi que olhasse para mim. Não houve grito, não houve ofensa. Fui firme, como vereador que fiscaliza deve ser.”

Montenegro afirmou que não sabia da condição médica da secretária e lamentou o mal-entendido: “Em nenhum momento falei de qualquer característica física. Minha cobrança foi pela postura funcional dela durante a reunião, por estar no celular. Fiquei sabendo depois da questão da paralisia. Se ela se sentiu ofendida, lamento, mas não houve intenção.”

Conflito político em ambiente de crise
A reunião que deu origem ao conflito ocorreu enquanto a Prefeitura lida com os efeitos do não pagamento a terceirizados da Educação, afetando funções essenciais como portaria, apoio escolar e administração. A secretária afirmou que mais de 100 servidores da própria pasta foram deslocados para garantir o funcionamento mínimo das escolas.

O vereador Montenegro reforçou que continuará atuando com independência e prometeu convocar Renata Azevedo formalmente para dar explicações na Câmara.

“O meu papel é fiscalizar. Se os contratos estão sendo mal geridos, a responsabilidade é da secretaria. E eu vou continuar cobrando, dentro da legalidade, como manda meu cargo”, declarou.

Desdobramentos
Renata afirmou que adotará medidas legais para garantir sua integridade, enquanto o vereador disse estar à disposição da Justiça e garantiu que seu trabalho seguirá em defesa da população:

“Sou vereador eleito. Não uso religião, não uso discurso pronto. Defendo os princípios do plano de governo e a dignidade das pessoas”, disse Montenegro, que também enfrenta processo interno no PL, seu partido, por críticas ao governo do prefeito Coronel Fábio Cândido.

Questionado se deixará a legenda, Montenegro disse que pretende continuar no PL, a menos que seja expulso, e defendeu sua atuação. “Não sou traidor. Meus princípios seguem os mesmos. Quem traiu foi quem voltou com secretário investigado para o governo”, disparou.

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