
O Clube Monte Líbano de São José do Rio Preto reviveu neste sábado (25) uma de suas noites mais emblemáticas: o tradicional Jantar Árabe, realizado em comemoração aos 82 anos da Independência do Líbano. O evento, marcado por música, dança, culinária típica e homenagens, reuniu associados, familiares e convidados em uma celebração que uniu emoção e história.
O presidente do clube, Hugues Rezende, abriu a noite destacando o simbolismo do evento e o legado da comunidade libanesa para o Brasil. “O Jantar Árabe celebra a independência do Líbano e essa manifestação cultural que é a dança, símbolo de liberdade. Liberdade do povo libanês, liberdade do povo brasileiro e liberdade de escolher estar aqui, no Monte Líbano, um clube tradicional fundado e ocupado por libaneses e descendentes”, afirmou.

Rezende lembrou que o Líbano é um país acolhedor e resiliente, com uma história milenar. “Temos no Brasil cerca de dez milhões de libaneses e descendentes – mais do que no próprio Líbano. Isso mostra a força dessa comunidade, que contribuiu profundamente para o desenvolvimento do nosso país. Valorizar quem construiu esse clube e manter viva a tradição é um gesto de respeito e gratidão”, disse o presidente.
O dirigente também fez questão de ressaltar o simbolismo das bandeiras que marcam a diretoria. “Na nossa camisa, de um lado está a bandeira do Brasil e do outro a do Líbano. Essa união representa o que o clube sempre foi: um espaço de acolhimento, amizade e respeito entre os povos”, completou.
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“Um povo unido que construiu história”
O diretor para Assuntos Libaneses, Leandro Luiz, lembrou que o jantar tem um significado especial por marcar a continuidade de uma história que começou há quase um século. “O Monte Líbano foi fundado em 1930 por libaneses que buscavam manter viva a cultura e os laços de amizade. Comemorar essa data é reconhecer a trajetória de quem formou este clube e o transformou em referência para a cidade”, afirmou.
Para ele, a celebração é também uma forma de aproximar as novas gerações das origens do clube. “É importante lembrar e não esquecer a tradição. O jantar é um reconhecimento a todos aqueles que fizeram e continuam fazendo parte dessa história”, destacou Leandro.

“Um clube de todos, com raízes libanesas”
Já o vice-presidente do Monte Líbano, Everaldo Nazareth Júnior, destacou o caráter acolhedor da noite e a importância de manter viva a ligação entre o clube e suas origens. “Toda festa no Monte Líbano é feita para receber os associados da melhor maneira possível. Esta, em especial, homenageia o Líbano e traz apresentações de danças típicas que encantam e resgatam a memória de nossos fundadores”, disse.
Nazareth lembrou ainda que, mesmo com a diversidade de associados – hoje mais de 16 mil -, o espírito libanês segue presente. “O clube cresceu, se tornou um espaço de miscigenação e união, mas a influência libanesa continua forte, representando valores como família, amizade e hospitalidade. É isso que nos faz especiais”, afirmou.
O vice-presidente também antecipou que a agenda de fim de ano será movimentada. “Tivemos o Dia das Crianças, teremos o aniversário do clube em novembro, a chegada do Papai Noel e o Réveillon. Sempre com a mesma alegria e união da família Monte Líbano”, completou.
Emoção e memória: o discurso de Samir Barcha
Um dos momentos mais marcantes da noite foi o discurso do professor Samir Barcha, um dos nomes mais respeitados da comunidade árabe em Rio Preto e associado há mais de seis décadas. Com bom humor e emoção, ele fez um relato sobre o espírito que mantém o Monte Líbano vivo desde 1930.
“Já vivi 61 dos 95 anos deste clube. Sou parte da prateleira, parte da mercadoria”, brincou, arrancando risos e aplausos da plateia. Em seguida, fez um tributo à origem fenícia do povo libanês. “A Fenícia foi a terra dos navegadores e comerciantes que cruzavam mares levando a mensagem da amizade. Essa herança, de acolhimento e companheirismo, está no coração do Monte Líbano até hoje.”
Barcha lembrou que o clube nasceu da saudade de imigrantes que buscavam reviver o espírito de convivência de sua terra natal. “A base do Monte Líbano é o companheirismo. Aqui ninguém tem medo de trazer a família, porque o que se valoriza é a pessoa humana. É um clube de amizade, de união, de respeito”, afirmou.
Em sua fala, o professor também prestou homenagem a figuras históricas do clube, como José Barbacuri e José Achalela, reconhecidos por liderarem a expansão do Monte Líbano e a criação do clube de campo.
Tradição, cultura e liberdade
Encerrando a cerimônia, o presidente Hugues Rezende voltou ao palco para agradecer aos organizadores, à equipe cultural e às dançarinas, que encantaram o público com apresentações de dabke e outras danças típicas.
“A dança árabe é uma expressão de liberdade. E foi essa liberdade que o Líbano conquistou em 22 de novembro de 1943. Quando celebramos essa data aqui, celebramos também a força do nosso povo, a amizade entre Brasil e Líbano e o espírito de união que define o Monte Líbano”, disse Rezende.
Com pratos tradicionais como kibe, esfiha e tabule, e apresentações que evocaram a ancestralidade do Oriente Médio, o jantar terminou em clima de confraternização e orgulho coletivo.
O Jantar Árabe reafirmou, mais uma vez, o papel do Monte Líbano como símbolo de convivência e identidade cultural em São José do Rio Preto – um espaço onde tradição e modernidade se encontram sob o mesmo ideal: o da amizade entre os povos.
