“Em nenhum momento, é bom que se diga isso, em nenhum momento o prefeito municipal de São José do Rio Preto disse para onde que iria o Centro Pop.” A afirmação é do vice-prefeito e secretário de Obras Fábio Marcondes e serviu como ponto central de sua fala durante visita à Câmara nesta semana, em meio à crescente polêmica sobre o futuro do Centro Pop, unidade voltada ao atendimento de pessoas em situação de rua na cidade.
A declaração de Marcondes, concedida ao Diário do Rodrigo Lima, busca refrear especulações e tensões que tomaram conta dos bastidores políticos e de lideranças comunitárias após rumores indicarem a possibilidade de transferência do equipamento para bairros como Boa Vista — além da rejeição, já manifestada publicamente, por entidades do centro da cidade.
“Eu desci à Câmara para conversar com algumas lideranças e vereadores sobre a questão do Centro Pop”, afirmou. Segundo ele, a missão que recebeu do prefeito Coronel Fábio Candido foi clara: avaliar tecnicamente possíveis áreas para uma nova sede do equipamento e dialogar com o Legislativo municipal sobre o tema.
“O que o prefeito pediu para a equipe técnica — aí entra a Secretaria de Obras — foi que avaliássemos as áreas disponíveis e entregássemos esse levantamento a ele. Em nenhum momento houve definição sobre onde será”, reforçou Marcondes.
A polêmica ganhou força depois que moradores da Boa Vista se manifestaram contrários à instalação do Centro Pop no bairro. Do lado do centro da cidade, a Associação São José do Rio Preto Viva o Centro também já se manifestou contra a permanência da estrutura na região central. O presidente Agnaldo Pedroni, representante da entidade, foi um dos que reiteraram a posição.
Durante a sessão, vereadores mencionaram ainda a possibilidade de utilizar um terreno na avenida Philadeplpho Gouvea Neto, que no passado serviu como estacionamento de ônibus da empresa Circular Santa Luzia. Questionado sobre essa alternativa, Marcondes evitou confirmar qualquer hipótese. “Não posso dizer quais são as áreas avaliadas. Isso está nas mãos do prefeito. Cabe à Secretaria de Obras apenas identificar os terrenos públicos viáveis”, disse.
Diálogo com vereadores e postura democrática
Marcondes garantiu que o processo será conduzido de forma técnica, mas com ampla escuta. “Vim dizer aos vereadores que essa discussão está aberta. A Prefeitura está disposta a participar, junto com o Legislativo e a sociedade”, afirmou.
O vice-prefeito também rebateu qualquer ideia de imposição por parte do governo. “Quem conhece o Coronel Fábio sabe que ele gosta de dialogar. A questão do Centro Pop é prova disso. Ele escuta todos os lados e só decide depois de avaliar com calma”, explicou.
Para Marcondes, o objetivo do novo Centro Pop deve ser ampliar a dignidade do atendimento à população em situação de rua. “O prefeito disse que precisamos de uma estrutura com início, meio e fim — que não seja um atendimento meia boca. É isso que estamos buscando com o novo projeto”, disse.
Secretariado e rumores
Ao ser questionado sobre rumores envolvendo uma possível troca no comando da Secretaria de Assistência Social — pasta diretamente envolvida na operação do Centro Pop —, Marcondes foi categórico: “Não tenho conhecimento. Isso é uma decisão exclusiva do prefeito. Minha missão é técnica, focada nas obras”. O secretário de Assistência Social, Frederico Izidoro, deve sair do cargo ainda nesta semana.
Segundo ele, mesmo dentro da gestão, mudanças de secretariado não são comunicadas antes da decisão oficial do chefe do Executivo. “O que se fala por aí é especulação. Essas definições cabem apenas ao prefeito, e ele é muito criterioso com isso”, concluiu.
Expectativa e tensão
Enquanto a Prefeitura aguarda a conclusão dos estudos e a análise do prefeito sobre os locais propostos, a tensão em torno do futuro do Centro Pop segue acirrada. De um lado, pressões comunitárias contra determinadas localizações; de outro, o desafio administrativo de garantir um espaço adequado para um serviço essencial e cada vez mais demandado.
A decisão final sobre o novo endereço do Centro Pop, no entanto, deve ser um dos primeiros grandes testes de articulação política e sensibilidade urbana da gestão Coronel Fábio Candido em seu primeiro ano de mandato.