VEJA VÍDEO – Comandante do BAEP explica cerimônia com cruz em chamas e afirma: ‘não fazemos rituais’

Rodrigo Lima

A repercussão de um vídeo divulgado pelo 9º Batalhão de Ações Especiais de Polícia (BAEP), com sede em São José do Rio Preto (SP), acendeu o debate público sobre os limites do simbolismo militar e o risco de interpretações perigosas. Nas imagens, policiais aparecem diante de uma cruz em chamas elemento que remete, para muitos, a práticas de grupos extremistas como a Ku Klux Klan (KKK). Após a enxurrada de críticas, o vídeo foi deletado das redes sociais do batalhão. Agora, em primeira pessoa, o comandante da unidade, tenente-coronel Costa Júnior, rompe o silêncio e apresenta os bastidores da cerimônia que, segundo ele, visava apenas “valorizar o esforço e a superação” dos novos integrantes da tropa.

“Não houve qualquer intenção de fazer referência religiosa, política ou racial. A cruz, ali, representa o sacrifício e a superação. E as chamas, a luz que guia o policial em sua jornada”, afirmou o comandante do Baep.

A cruz, o fogo e o juramento
O vídeo – gravado à noite com uso de drones e trilha sonora cinematográfica – foi divulgado como forma de enaltecer o momento da entrega dos braçais aos novos policiais do BAEP. A cerimônia, segundo o comandante, marca o fim de um rigoroso estágio preparatório e o início da atuação plena dos agentes na unidade especializada.

“O Caminho Iluminado”, como é chamado o percurso simbólico que os policiais percorrem antes de receberem o distintivo no braço, é formado por tochas e termina em frente a uma cruz em chamas. Para o público externo, o conjunto da cena evocou elementos associados a seitas e práticas extremistas. Para a corporação, porém, trata-se de uma metáfora visual da jornada de resistência e dedicação.

“É um momento de reafirmação do juramento de servir com honra e dignidade. A cruz não é um símbolo religioso nesse contexto, mas sim um marco de superação dos limites impostos pelo treinamento”, garantiu o tenente-coronel Costa Júnior.

Do simbolismo ao mal-entendido
O vídeo foi publicado em 15 de abril e rapidamente viralizou. Nas redes sociais, internautas e ativistas questionaram a estética da cerimônia e cobraram providências. A imagem da cruz em chamas, somada à formação rígida dos policiais e a iluminação dramática, reforçou as comparações com práticas da KKK, grupo supremacista branco dos Estados Unidos conhecido por perseguir negros, judeus e outras minorias.

Diante da repercussão, o vídeo foi retirado do ar poucas horas depois. A medida, segundo o comandante, foi uma forma de “preservar a imagem da corporação e evitar mais mal-entendidos”.

“Entendemos que a interpretação externa pode ter causado desconforto. Por isso, retiramos o vídeo e optamos por esclarecer diretamente à população o real significado daquela cerimônia. Nosso compromisso é com a verdade e com o serviço público de segurança”, afirmou.

Treinamento de elite
Segundo Costa Júnior, os novos integrantes do BAEP passam por um estágio exigente, com ênfase em preparo físico, controle emocional e atuação tática. A entrega do braçal marca o fim dessa etapa e o reconhecimento oficial do policial como membro da tropa.

“A entrega do braçal é um rito de passagem. O policial deixa de ser aluno e se torna parte da linha de frente da segurança pública”, explica o oficial.

“Essa cerimônia é um orgulho para todos. É a celebração de quem sobreviveu ao desgaste físico, emocional e psicológico de um treinamento extremamente rigoroso. A cruz, que muitos entenderam como símbolo religioso ou racista, para nós é símbolo de vitória e fé na missão.”

Mesmo com as explicações da corporação, o caso não passou batido pelas autoridades. O Ministério Público e a Polícia Militar já afirmaram que acompanham o caso. “Sem rituais, sem ideologias”, diz comandante

 

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