Durante o Rio Preto Country Bulls, evento que movimenta a economia regional em São José do Rio Preto, o CEO da Ruiz Coffees, João Ruiz, falou ao Diário do Rodrigo Lima com exclusividade sobre os impactos da nova tarifa de 50% imposta pelo governo dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, incluindo o café, um dos carros-chefes do agronegócio nacional.
A medida foi anunciada pelo presidente norte-americano Donald Trump na quarta-feira (9) e deve entrar em vigor no dia 1º de agosto. A resposta brasileira, segundo o vice-presidente Geraldo Alckmin, será diplomática e institucional — com recurso à Organização Mundial do Comércio (OMC) e possível aplicação da recém-sancionada Lei de Reciprocidade Econômica.
CLIQUE AQUI PARA ASSISTIR A ENTREVISTA
Para João Ruiz, que comanda uma das maiores exportadoras de café do país, o cenário é de apreensão, mas também de expectativa por uma reversão: “Acho que é um jogo político que vai resolver. Então, os Estados Unidos dependem do café brasileiro.”, afirmou o empresário em entrevista realizada dentro do espaço reservado para empresários e convidados no Country Bulls.
Segundo dados compartilhados por Ruiz, cerca de 75% da produção brasileira de café é destinada ao mercado externo. Os Estados Unidos, mesmo com sua produção interna e acesso a outros fornecedores, são um dos principais compradores do café produzido pela Ruiz Coffees, representando cerca de 10% das exportações da empresa.
“É representativo, sim. A maior parte da nossa produção vai para o exterior, especialmente Ásia, Europa e EUA. Mas não é só sobre grandes produtores. O problema é que essa taxação afeta todo mundo, inclusive os pequenos. Esperamos que o governo nos defenda. Se não ajudar, que ao menos não atrapalhe”, afirmou.
Crítica à instabilidade e apelo por previsibilidade
João Ruiz fez coro à fala do vice-presidente Alckmin ao destacar que o setor do agronegócio não precisa de mais incertezas, especialmente no campo internacional. “O agronegócio brasileiro quer paz para produzir. A gente vive um momento político complicado, mas o pior é quando decisões externas, com fundo ideológico, ameaçam nossa base produtiva.”
Trump justificou a nova tarifa alegando perseguição judicial ao ex-presidente Jair Bolsonaro e afirmou, em carta a Lula, que a medida seria resposta a “violações da liberdade de expressão” e “ataques insidiosos contra eleições livres”. Na carta, Trump ainda classificou o julgamento de Bolsonaro no STF como uma “caça às bruxas”.
O CEO da Ruiz Coffees evitou entrar em questões ideológicas, mas lamentou que o café tenha se tornado uma moeda de troca política. “Hoje, a produção brasileira 25% fica no mercado interno e 70% é exportado”, afirmou.
Café e rodeio: uma aliança estratégica
Ruiz participou do Country Bulls ao lado de parceiros e clientes. Para ele, eventos como o rodeio de Rio Preto são importantes não apenas para o networking, mas para reafirmar a força do interior brasileiro na economia nacional.
A empresa Ruiz Coffees faz um dos melhores café do Brasil e está aqui na região. “Quem não conhece, vamos experimentar”, afirmou João ao elogiar o Country Bulls, que movimenta comércio, hotelaria e turismo.
ENTENDA A DISPUTA
O que aconteceu?
O presidente Donald Trump anunciou a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos importados do Brasil, incluindo o café.
Quando passa a valer?
A partir de 1º de agosto de 2025.
Por quê?
Trump alegou “perseguição política” ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que responde a processos no STF, e “ataques à liberdade de expressão”.
O que diz o Brasil?
O vice-presidente Geraldo Alckmin considera a medida “injustificável” e promete recorrer à OMC.
Impacto estimado?
Para o café, pode haver aumento de preços nos EUA e desaceleração nas exportações brasileiras — com risco para pequenos produtores.