É um dos mitos mais resistentes quando se fala de imunização: “tomei a vacina da gripe e fiquei gripado”. A frase, que circula há anos em rodas de conversa, grupos de WhatsApp e até nas salas de espera dos consultórios, acaba alimentando o medo e a resistência à vacinação. Mas a ciência e especialistas de saúde garantem: a vacina da gripe não causa gripe.
O médico Marcelo Macchione, desmistificou de vez a história. Em um vídeo publicado nas redes sociais, ele explica por que essa confusão acontece — e, principalmente, por que não faz sentido.
“A vacina da gripe não é feita com vírus vivo”, esclarece logo de cara. “Ela é feita com fragmentos de vírus inativado, e por isso é impossível causar a doença.”
O alarme que não chama o ladrão
Para facilitar o entendimento, o médico propõe uma analogia que tem ajudado muita gente a visualizar como a vacina age no corpo humano.
“Tomar a vacina da gripe é como instalar um alarme em casa”, compara. “Você se prepara para um perigo, mas o alarme não chama o ladrão.”
Ou seja: a vacina não convida o vírus da gripe para entrar no seu corpo. Ela apenas prepara o sistema imunológico para reconhecê-lo e combatê-lo, caso o verdadeiro invasor tente se instalar.
E os sintomas após a vacinação?
Se mesmo assim você já tomou a vacina e sentiu febre baixa, dor no local da aplicação ou até um mal-estar, calma: não significa que está com gripe. Essas reações são normais e esperadas do próprio funcionamento da vacina.
“Quando você toma a vacina, o seu organismo reage àquela injeção”, explica o médico. “Isso pode causar uma febre baixa, mal-estar e dor no local da aplicação.”
São respostas naturais do corpo, sinalizando que o sistema de defesa está reconhecendo os fragmentos do vírus inativado e criando anticorpos.
E se eu ficar gripado logo depois?
Outra dúvida comum é sobre ficar doente logo após a vacinação. Mas, segundo Macchione, se isso acontecer, há explicações claras – e nenhuma delas envolve culpa da vacina.
“Se por acaso você ficar gripado depois da vacina, é porque ou o vírus já estava incubado no momento da vacina, ou você realmente pegou uma outra infecção viral”, destaca. “Não significa que foi a vacina que causou isso.”
Isso porque o corpo leva alguns dias para desenvolver a imunidade completa após a aplicação. Durante esse intervalo, a pessoa continua vulnerável, principalmente se já estava em contato com o vírus antes da vacinação.
Vacina salva vidas – e não dá gripe
Os especialistas reforçam: mesmo com as possíveis reações, os benefícios da vacinação superam em muito qualquer desconforto momentâneo. A gripe, sobretudo em grupos de risco como idosos, crianças pequenas e pessoas com comorbidades, pode evoluir para complicações graves, como pneumonia, hospitalizações e até morte.
A vacina é atualizada anualmente para proteger contra as cepas mais recentes do vírus influenza, conforme as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS). Por isso, é importante manter a imunização em dia.
Combate à desinformação
A propagação de mitos como o da “vacina que dá gripe” é uma preocupação constante das autoridades de saúde. Em tempos de desinformação nas redes sociais, o alerta se faz ainda mais necessário.
Por isso, se você conhece alguém que ainda acredita nessa história, o recado do médico direto: “Manda esse vídeo para ela.”
Campanha nacional
Começou nesta segunda-feira, 7, a campanha nacional de vacinação contra a influenza. A meta é imunizar 90% dos chamados grupos prioritários, que incluem crianças de 6 meses a menores de 6 anos, idosos e gestantes. Também podem receber a dose:
– trabalhadores da saúde;
– puérperas;
– professores dos ensinos básico e superior;
– povos indígenas;
– pessoas em situação de rua;
– profissionais das forças de segurança e de salvamento;
– profissionais das Forças Armadas;
– pessoas com doenças crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas especiais (independentemente da idade);
– pessoas com deficiência permanente;
– caminhoneiros;
– trabalhadores do transporte rodoviário coletivo (urbano e de longo curso);
– trabalhadores portuários
– funcionários do sistema de privação de liberdade;
– e população privada de liberdade, incluindo adolescentes e jovens sob medidas socioeducativas (com idade entre 12 e 21 anos).
Proteção
De acordo com o Ministério da Saúde, o imunizante distribuído na rede pública protege contra um total de três vírus do tipo influenza e garante uma redução do risco de casos graves e óbitos provocados pela doença.
Em 2025, a dose contém as seguintes cepas: H1N1, H3N2 e B. A administração, de acordo com o ministério, pode ser feita junto com outras vacinas do Calendário Nacional de Vacinação.
Doses
Para a vacinação deste ano, a pasta adquiriu um total de 73, 6 milhões de doses. No primeiro semestre, 67,6 milhões de doses devem ser distribuídas para as regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste. No segundo semestre, 5,9 milhões serão enviadas para o Norte.
(Com Agência Brasil)
