O desembargador Diniz Fernando Ferreira da Cruz indeferiu a liminar com pedido de anulação da decisão judicial que determinou a prisão de Davi Izaque Martins Silva, acusado de matar a médica Thallita da Cruz Fernandes em Rio Preto. O pedido foi apresentado em Habeas Corpus (HC) protocolado no Tribunal de Justiça pela defesa do acusado na segunda-feira, 28.
“Com efeito, a princípio, não se infere constrangimento ilegal evidente, pois, de acordo com a representação, há elementos indiciários que acenam para a possibilidade do paciente ser o autor de crime grave, consistente no homicídio de sua namorada, após uma discussão”, consta no despacho do desembargador. “Além disto, em liberdade, ele poderia dificultar a apuração dos fatos, salientando que há diligências pendentes, a exemplo da reprodução simulada dos fatos e a perícia dos objetos apreendidos juntamente com o cumprimento do mandado de prisão, justificando, por ora, a imprescindibilidade da medida para as investigações”, consta no despacho do desembargador.”
Davi foi preso e levado para a sede da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic) no dia 19 – clique aqui para assistir ao vídeo. A defesa pediu ao Tribunal, no mérito do HC, a revogação da prisão de Davi e a expedição do alvará de soltura. Esse pedido ainda não foi analisado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP).
O Diário do Rodrigo Lima teve acesso ao pedido apresentado pela defesa de Davi ao TJ-SP. A decretação da prisão ocorreu após o corpo de Thallita ter sido encontrado dentro de uma mala por policiais militares no apartamento em que ela vivia na cidade. O rapaz, que era seu namorado, tinha acesso ao imóvel.
“Iniciada a fase de investigação e com base em presunções e clamor popular, a autoridade policial representou pela decretação da prisão temporária do paciente. Houve manifestação favorável do Ministério Público”, consta no HC impetrado por Godoy.
De acordo ainda com a defesa do acusado, “o magistrado plantonista, à míngua de qualquer fundamentação objetiva, e tomando com base a gravidade em abstrato do crime em si, decretou a prisão temporária do paciente”. A prisão foi cumprida no dia 19 de agosto de 2023
No HC, a defesa de Davi questiona a fundamentação utilizada para a decretação da prisão temporária do rapaz. Com a decisão, ele foi detido pelo prazo de 30 dias.
De acordo com o conteúdo do HC, a defesa afirma ainda que “a revogação da prisão não trará (e não se tem elementos concretos para tal), nenhuma interferência nas investigações”.
No seu pedido de prisão temporária, o delegado Alceu Lima de Oliveira Júnior afirmou que a única pessoa a sair do apartamento da vítima foi Davi.
Caso
Policiais Militares foram até o flat onde Thallita morava, na Vila Imperial, e encontraram testemunhas no local. Uma amiga manteve contato via WhatsApp com a vítima a pedido de sua mãe, já que não havia conseguido falar com a filha.
Chamou a atenção da testemunha que Thallita teria lhe dito que “não poderia falar mais pois o dia de serviço dela estava muito corrido”, mas na verdade, a amiga sabia que este dia seria a folga dela nos plantões médicos do Posto de Saúde da cidade de Bady Bassitt. Ela enviou novas mensagens e sem conseguir respostas decidiu acionar a Polícia Militar.
Mediante autorização do proprietário do flat, onde o crime ocorreu, com a ajuda de um chaveiro foi aberta a porta de serviço onde então os policiais depararam-se com o banheiro ensanguentado e a porta do quarto trancada. Essa outra porta também foi aberta.
De acordo com o delegado, o quarto também estava ensanguentado e, na área de serviço, havia uma mala onde estava o corpo de Thallita nu. Estava com ferimentos de faca pelo rosto.
Na noite anterior em que o corpo foi encontrado, moradores de outros apartamentos disseram que ouviram “um entrevero naquele apartamento”, entre Thallita e o seu namorado.
Os policiais então tomaram conhecimento que Davi teria sido interpelado pela amiga da vítima naquela tarde. Ele teria respondido que após a briga deles, Thallita teria deixado o apartamento não dizendo para onde “teria ido”.
O advogado de Davi disse que o suspeito ainda não prestou depoimento, o que deve acontecer apenas após a chegada dos laudos periciais do local. “A defesa prefere que o depoimento seja feito após a parte inicial do inquérito, o que não ocorreu”, afirmou.
Clique aqui para assistir a entrevista com o delegado Alceu sobre o caso.