Publicitário Washington Olivetto morre aos 73 anos

Rodrigo Lima
Olivetto estava internada internado há quase cinco meses no hospital Copa Star, no Rio de Janeiro/imagem – reprodução/Instagram

O publicitário Washington Olivetto morreu aos 73 anos neste domingo, 13. Ele estava internado há quase cinco meses no hospital Copa Star, no Rio de Janeiro, por complicações pulmonares. Ele morreu de falência múltipla de órgãos.

“O Hospital Copa Star lamenta a morte do paciente Washington Olivetto na tarde deste domingo, 13, e se solidariza com a família e amigos por essa irreparável perda. O hospital também informa que não tem autorização da família para divulgar mais detalhes”, divulgou o Copa Star, em nota.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva divulgou nota, pela rede X (antigo Twitter), para expressar seus sentimentos à família, amigos, colegas de profissão e admiradores do publicitário Washington Olivetto, que morreu neste domingo. “Aos 73 anos, nos despedimos do publicitário Washington Olivetto, talvez o mais célebre nome da nossa propaganda”, postou o presidente.

Lula lembrou as grandes campanhas realizadas por Olivetto, destacou que ele ganhou mais de 50 prêmios no Festival de Publicidade de Cannes e que o publicitário ficou conhecido “como a mente por trás da propaganda do ‘Garoto Bombril’, um personagem clássico que moldou a publicidade desde a década de 70”.

“Sua participação em empresas foi tão famosa que viraram até música, a ‘W/Brasil’ de Jorge Ben Jor. Também foi colunista, escrevendo artigos na imprensa brasileira por anos.”

O presidente lembrou ainda no post que Olivetto foi vice-presidente do Corinthians, ajudando a fundar a Democracia Corinthiana ao lado de nomes como Sócrates e Casagrande, durante a ditadura militar.

oi do publicitário Washington Olivetto a escolha do ator que se tornaria um dos rostos mais conhecidos da propaganda brasileira: Carlos Moreno. O “Garoto Bombril”, como Moreno ficaria conhecido, estampou as campanhas da marca de produtos de limpeza por 35 anos, de 1978 a 2004, retornando em anos seguintes e encerrando a parceria em 2019.

O casamento entre o ator e a marca deu tão certo que garantiu a Moreno um título curioso: o de garoto-propaganda mais longevo do mundo, reconhecido pelo Guinness Book, o livro dos recordes.

Ao longo de uma carreira extensa, Olivetto se consagrou como um dos nomes mais premiados do mercado publicitário brasileiro. No Cannes Lions Festival Internacional de Criatividade, o mais importante da publicidade global e do qual o Estadão é o representante oficial no Brasil, o publicitário conquistou mais de 50 estatuetas.

O publicitário, inclusive, foi o primeiro brasileiro a ganhar um dos principais prêmios do festival. Em 1969, no ano em que começou sua carreira como publicitário, ele recebeu um leão de bronze por uma ação para a marca Deca.

O primeiro ouro viria cinco anos mais tarde. Em 1974, Olivetto conquistou para o Brasil o primeiro leão de ouro da história do País com a campanha “Homem com mais de 40 anos”.

Muitos anos antes do termo “etarismo” entrar em voga, o publicitário levou à televisão brasileira a campanha que questionava a discriminação contra homens mais velhos em anúncios de trabalho, quando se “limitava” a idade para se candidatar a alguns postos. “Nenhum país pode se dar ao luxo de desperdiçar o potencial dos seus homens mais experientes”, criticava o comercial.

‘Obras-primas’

Ao compilar uma centena de comerciais publicitários mais relevantes da história, em 1999, a escritora norte-americana Bernice Kanner listou dois filmes criados por Olivetto como obras-primas da publicidade.

No primeiro deles, de 1987, o publicitário criou a campanha “meu primeiro sutiã” para a marca de roupa íntima Valisère. O comercial foi estrelado pela atriz Patrícia Luchesi, à época alçada à fama pela repercussão da campanha.

No filme, uma jovem de 12 anos recebia de presente um sutiã da marca, cunhando a mensagem “o primeiro Valisère a gente nunca esquece”.

No mesmo ano, viria o segundo filme listado por Bernice Kanner como um dos mais importantes da história. A agência W/Brasil desenvolveu o comercial Hittler, para o jornal Folha de S Paulo. A ação ganhou repercussão e garantiu mais um Leão de ouro do Cannes Lions para Olivetto.

Em 2001, Olivetto foi um dos vencedores do Prêmio Clio, com uma campanha publicitária desenvolvida para a revista Época.

Em 2016, o publicitário foi reconhecido pela Lisbon International Advertising Festival com o Prêmio Carreira. No ano anterior, havia sido escolhido como um dos membros do Creative Hall of Fame, da One Club, entre outras honrarias.

Música

Olivetto viu o nome de um dos seus negócios ser eternizado na música de Jorge Ben Jor. A canção começou a ser composta durante da festa de fim de ano da agência de Olivetto, que convidou o cantor para se apresentar no evento. Ao cantar para o público presente, Jorge Ben brincava com os convidados dizendo: “Alô, Alô W/Brasil…”

Como lembrou Olivetto em seu podcast, depois do evento, ele e o artista conversaram sobre a situação política do País, e em tom de brincadeira, o publicitário teria dito que se o Brasil fosse um condomínio, Tim Maia seria o síndico. O resto é história.

O publicitário havia criado recentemente seu próprio programa de entrevistas, o podcast WCast, onde recebia autoridades, celebridades, influenciadores e outros nomes do mercado da comunicação nacional, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), como Cármen Lúcia,  e artistas em geral.

 

 

Deixe um comentário