
Uma investigação da Corregedoria da Polícia Militar de São Paulo revelou a atuação de um suposto grupo de extermínio formado por policiais militares na região de Rio Preto. Segundo as apurações, os agentes seriam contratados por agiotas para executar rivais e devedores, além de atuarem na cobrança violenta de dívidas.
O esquema foi descoberto a partir de uma denúncia formalizada em abril do ano passado. Na ocasião, testemunhas protegidas apontaram que parte do efetivo do batalhão local estaria diretamente envolvida com atividades de agiotagem e homicídios encomendados. Na última semana, o Diário do Rodrigo Lima revelou com exclusividade mais uma prisão de um policial militar suspeito de fazer parte do esquema criminoso.
Até o momento, quatro policiais foram presos preventivamente pela Justiça Militar. Outros dois seguem sendo investigados, mas estão em liberdade. As apurações indicam que, entre março e dezembro de 2023, seis assassinatos na região estariam diretamente ligados à atuação do grupo, que, segundo os investigadores, funcionava como uma rede de pistoleiros sob encomenda.
As informações constam de reportagem divulgada neste final de semana pelo portal Metrópoles, que teve acesso exclusivo aos documentos da Corregedoria da PM. O relatório detalha que os policiais operavam tanto durante o expediente como fora do horário de trabalho, e, em alguns casos, teriam utilizado recursos da própria corporação, como deslocamento estratégico de viaturas para favorecer a ação dos criminosos.
Entre os homicídios listados, estão o de um borracheiro assassinado com pelo menos cinco tiros dentro do próprio comércio, outro homem executado após estacionar seu veículo na garagem e vítimas emboscadas na porta de casa ou no estacionamento de condomínios. Em mais de um episódio, o relatório aponta que os policiais investigados estavam oficialmente em serviço no horário dos assassinatos.
A investigação também indica que o grupo agia sob o comando de uma traficante que atuava paralelamente como agiota na cidade. O crime que deu início à série de assassinatos teria ocorrido como vingança pela morte de um parceiro da criminosa, sendo o alvo supostamente eliminado pelos PMs mediante pagamento.
De acordo com o levantamento da Corregedoria, parte da dinâmica das execuções incluía o afastamento temporário de patrulhas ostensivas das imediações dos crimes, facilitando as ações dos assassinos.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo confirmou que apura as “possíveis irregularidades” atribuídas aos policiais. A corporação afirmou ainda que não compactua com desvios de conduta e que, com o avanço das investigações, pediu e obteve a prisão preventiva dos suspeitos, além de cumprir 18 mandados de busca e apreensão.
Os policiais foram encaminhados ao presídio militar Romão Gomes, na zona norte da capital paulista. Nesta semana, a Polícia Civil deve convocar uma entrevista coletiva para revelar mais dados da investigação que segue sob sigilo.