Morreu neste domingo, 29, o sociólogo, filósofo e diretor do Sesc Danilo Santos de Miranda, aos 80 anos. Ele foi um dos principais entusiastas do Festival Internacional de Teatro (FIT) de Rio Preto, tendo estabelecido uma parceria com a Prefeitura no governo do prefeito Edinho Araújo (MDB).
Durante os 40 anos em que ficou no comando do Sesc no Estado se tornou um dos principais personagens na cultura. Miranda estava internado desde o início do mês no hospital Albert Einstein, em São Paulo. A causa da morte ainda não foi informada pela equipe médica. Seu velório será às 10h, no Sesc Pompeia. A cerimônia de cremação será às 17h, no cemitério Horto da Paz, em Itapecerica da Serra.
Na abertura do FIT deste ano, Miranda afirmou o seguinte: “o FIT Rio Preto tem a capacidade de mobilizar e articular as diversas instâncias da sociedade em torno da sua realização e que, ao ativar as múltiplas redes socioeconômicas e culturais da cidade e em seu entorno, promove a ocupação de espaços públicos e privados com uma programação consistente e contemporânea.”
Em Rio Preto, a parceria rendeu diversas homenagens ainda em vida, como a construção do Parque Ecológico que leva o seu nome, que passou por revitalização neste ano. O espaço está localizado na Avenida Benedito Rodrigues Lisboa, em área de 71,7 mil metros quadrados com muito verde e vários brinquedos.
Em julho deste ano, Miranda esteve em Rio Preto ao lado de Edinho em visita ao local. Na oportunidade, o diretor do Sesc afirmou o seguinte: “Educação e cultura são elementos vitais, são o que nos torna humanos. E quero aproveitar também para agradecer todas essas homenagens. É uma honra, um prazer, uma alegria enorme estar aqui. Agradeço ao prefeito Edinho Araújo e digo que a primeira cidade do Estado de São Paulo a me conceder o título de cidadania foi justamente São José do Rio Preto”.
O prefeito destaca que o parque foi inaugurado em 2006 com a presença do próprio homenageado. “O Parque Ecológico é educativo, cultural e é um espaço com centenas de árvores plantadas que o próprio Danilo ajudou a plantar e que hoje proporcionam sombra e bem-estar. Os brinquedos foram revitalizados, o espaço é cuidado pela Secretaria de Educação. Receber a visita do Danilo 17 anos depois é um momento de muita emoção para todos nós. O Danilo sempre teve sonhos e ideias claras de que através da educação e da cultura se transforma a sociedade, promove a liberdade e se exalta a democracia”, disse Edinho na época.
Nesta segunda-feira, 30, Edinho comentou a perda de Miranda. “Faleceu Danilo Santos de Miranda, um dos maiores incentivadores da cultura no País. Era diretor do Sesc São Paulo e sempre foi um parceiro de primeira hora. Convivi com Danilo desde os tempos em que fui prefeito de Santa Fé do Sul. Depois, nossa parceria se consolidou ainda mais como prefeito de Rio Preto, quando da transformação do Festival Nacional de Teatro para o FIT – Festival Internacional de Teatro. Em reconhecimento pela sua atuação em prol da cultura brasileira, com ele ainda vivo, denominamos o Parque Ecológico-educativo com o seu nome, além de ter recebido o título de cidadão rio-pretense pela Câmara Municipal”, afirmou o prefeito. “Estivemos juntos este ano, no mês de julho, quando da reinauguração do parque todo revitalizado e da abertura oficial do FIT. Fará uma grande falta. Em respeito ao seu legado, decretei luto oficial de três dias em São José do Rio Preto. A Cultura perde uma de suas referências e um dos maiores incentivadores. Nossos sentimentos aos familiares e toda a família Sesc.”
Quem foi Danilo Santos de Miranda?
Danilo Santos de Miranda Danilo Santos de Miranda é Diretor Regional do Sesc São Paulo desde 1984. Hoje, aos 80 anos, continua ativo, com muito vigor e sem perder a sua prática cotidiana: a cultura, a educação e o país.
Especialista em ação cultural, é formado em Filosofia e em Ciências Sociais, tendo realizado estudos complementares na Pontifícia Universidade Católica e na Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo, e no Management Development Institute, em Lausanne, na Suíça.
Foi presidente do Comitê Diretor do Fórum Cultural Mundial, em 2004, e Presidente do Comissariado Brasileiro do Ano da França no Brasil, em 2009.
Atua como Conselheiro em diversas entidades brasileiras, com destaque para o Museu Paulista, Bienal de São Paulo, Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, Museu de Arte de São Paulo – MASP, Museu de Arte Moderna de São Paulo – MAM-SP e Conselho Todos pela Educação.
Internacionalmente, integra os conselhos da Art for the World, na Suíça, e da International Society for Performing Arts – ISPA, nos EUA. Foi vice-presidente do ICSW – Conselho Internacional de Bem-Estar Social, de 2008 a 2010.
Entre outras publicações, organizou Ética e Cultura (Editora Perspectiva; Edições Sesc SP, 2011); Memória e Cultura: a importância da memória na formação cultural humana (Edições Sesc SP, 2007); e O parque e a arquitetura: uma proposta lúdica (Editora Papirus, 1996). Colaborou com Mauro Maldonato no livro Na base do farol não há luz: cultura, educação e liberdade (Edições Sesc SP, 2016) e com Gabriele Cornelli, em Cultura e alimentação: saberes alimentares e sabores culturais (Sesc, 2007).
Em reconhecimento por seu desempenho na área cultural, foi condecorado com o título de Comendador da Ordem Nacional do Mérito do Governo Francês, além de agraciado com a Grande Cruz do Governo Alemão e com a Ordem Nacional de Mérito da Coroa Belga.