Justiça aceita denúncia contra vendedor de armas acusado de matar dois homens em caminhonete em Rio Preto

Rodrigo LIma
Homens foram mortos dentro de caminhonete em Rio Preto/imagem – reprodução
A juíza da 4ª Vara Criminal de Rio Preto, Maria Letícia Pozzi Buassi, recebeu, na segunda-feira, 25,  a denúncia oferecida pelo Ministério Público contra o vendedor de armas acusado de assassinar o empresário e o funcionário dele a tiros dentro de uma caminhonete no bairro Anchieta, em Rio Preto. O crime ocorreu no dia 21 de agosto deste ano.
O promotor de Justiça Horival Marques de Freitas Junior denunciou Isaac Moreira Neto por homicídio qualificado. O rapaz é acusado de cometer o crime para tentar encobrir esquema de venda de arma de fogo e munições.
A magistrada pediu à Polícia Civil cópia do laudo pericial do local do crime com “imagens das vítimas dentro da caminhonete e a trajetória dos disparos, que teriam sido realizados de trás para frente, de baixo para cima, indicando que o denunciado ingressou no banco traseiro do veículo”.
De acordo com a denúncia do Ministério Público, o réu iniciou um arrojado esquema de desvio de armas de fogo e munições. “Passou a retirar armas do cofre da empresa, colocá-las em sacos de lixo e sair da loja com o subterfúgio de que iria dispensar o lixo, todavia, levava os sacos até sua residência e revendia as armas desviadas”, consta no processo.
Uma das armas de fogo subtraídas por Isaac foi uma pistola calibre .380, marca Imbel, com três carregadores, mas que, na realidade, havia sido adquirida no mês de junho pela vítima Marcio Hortense. “Ocorre que, no dia 21 de agosto de 2024, a vítima Márcio entrou em contato decidido a retirar sua arma de fogo. Isaac atendeu o cliente e, pela insistência, percebeu que seu esquema poderia ser descoberto, sendo que não tinha condições de entregar a arma ao cliente naquele dia, visto que tinha sido anteriormente desviada. Assim, para assegurar a ocultação, vantagem e impunidade pelos crimes anteriores, o denunciado resolveu dar cabo à vida do cliente”, consta na denúncia do MP.
.Por volta das 12h05, o denunciado enviou uma sequência de mensagens de WhatsApp à vítima Márcio, combinando falsa entrega da arma e enviando localizador para um local próximo, como forma de atrair a vítima para uma emboscada. Por volta das 13h17, o denunciado saiu do estabelecimento, pegou sua motocicleta marca Honda/Hornet 600, foi até o local enviado anteriormente, estacionou nas proximidades e permaneceu aguardando a chegada da vítima.
Segundo apurado na investigação feita pela Polícia Civil, após rápida ligação entre eles, confirmando a chegada da vítima, por volta das 13h52, quando Márcio estacionou a caminhonete, Isaac, que já aguardava no local, ingressou no banco traseiro do veículo. “Instantes depois, percebendo a confiança das vítimas, que nada perceberam, e agindo dissimuladamente, com extrema frieza, à traição e de surpresa, visto que Márcio e Fabiano estavam de costas e atados aos cintos de segurança, empregando arma de fogo calibre 9mm, Isaac escolheu o momento certo e desferiu um disparo contra a nuca de Fabiano, que estava no banco do passageiro. Ato contínuo, desferiu um disparo contra a cabeça de Márcio, que igualmente estava de costas, sentado no banco do motorista e ainda preso ao cinto de segurança”, consta na denúncia do promotor.
Em seguida, o denunciado desceu da caminhonete e empreendeu fuga a pé pela Rua Assis Brasil, até o local onde sua motocicleta estava estacionada, e se evadiu até sua casa, onde trocou a calça e o tênis. “Nota-se que o crime se deu mediante emboscada, pois Isaac ludibriou as vítimas encaminhando a elas, pelo WhatsApp da loja, uma localização diversa do endereço do estabelecimento, fazendo-a crer que a arma seria entregue naquele endereço, onde o denunciado as aguardava para matá-las. Além disso, efetuou os disparos mediante dissimulação, à traição e de surpresa, quando as vítimas estavam de costas e atadas aos cintos de segurança, o que impossibilitou qualquer chance de defesa por parte delas. Certo, ainda, que os homicídios foram cometidos visando assegurar a ocultação, impunidade e vantagem decorrentes de outros crimes”.
A defesa de Isaac vai se manifestar sobre a denúncia aceita pela Justiça nos próximos dias.

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