Gaeco deflagra operação contra organização criminosa que fraudou o Banco Inter em mais de R$ 25 milhões

Rodrigo Lima
Grupo de Monte Azul Paulista teria realizado ao menos 414 transações fraudulentas com documentos falsos. Esquema envolvia famílias inteiras e usava ostentação nas redes sociais para disfarçar origem ilícita do dinheiro./imagem – divulgação

O Ministério Público de São Paulo, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), com apoio da Polícia Militar – por meio dos Batalhão de Ações Especiais de Polícia (BAEP) de Rio Preto e Ribeirão Preto – deflagrou na manhã desta terça-feira, 15, a Operação Ostentação, voltada para desmantelar uma sofisticada organização criminosa acusada de fraudar o Banco Inter em mais de R$ 25 milhões.

De acordo com as investigações, pelo menos 414 transações bancárias fraudulentas foram realizadas utilizando documentos pessoais falsificados e contas abertas em nome de terceiros. O esquema era articulado a partir da cidade de Monte Azul Paulista, no interior paulista, e tinha como núcleo central dois grupos familiares. A rede criminosa, porém, se expandiu e envolveu diversos participantes em cidades vizinhas.

Ao todo, estão sendo cumpridos 19 mandados de busca e apreensão e um mandado de prisão preventiva nos municípios de Pitangueiras, Paraíso, Bebedouro, Barretos e Catanduva. As ordens foram expedidas pela Justiça a partir de representação do Ministério Público, que apontou risco de destruição de provas e continuidade delitiva.

A operação conta com o apoio logístico de 20 viaturas e 80 policiais militares, sendo 9 viaturas e 36 agentes do 9º BAEP, sediado em São José do Rio Preto, e 11 viaturas e 44 agentes do 11º BAEP, com base em Ribeirão Preto. A ação mobilizou grande efetivo em incursões simultâneas nos endereços ligados aos investigados.

Esquema milionário
A investigação do GAECO, que vinha sendo conduzida sob sigilo, revelou que os criminosos utilizavam dados pessoais obtidos de maneira fraudulenta para abrir contas digitais no Banco Inter. A partir disso, realizavam movimentações ilícitas com transferências e simulações de operações bancárias.

Segundo o MP, os golpes eram planejados minuciosamente e envolviam o uso de softwares especializados, aliciamento de pessoas para fornecer dados e até falsificação de documentos físicos e digitais.

A estimativa é que o prejuízo ultrapasse R$ 25 milhões, valor que teria sido lavado e reinvestido em bens de alto valor, como imóveis, veículos de luxo, viagens internacionais e reformas em propriedades.

Bloqueio de bens e apreensão de provas
Durante o cumprimento das ordens judiciais, os policiais recolheram celulares, notebooks, HDs, pen-drives e documentos físicos, considerados fundamentais para o aprofundamento das investigações.

Também foi determinado o bloqueio de valores em contas bancárias, sequestro de imóveis e veículos de luxo registrados em nome dos investigados. Os bens, segundo o MP, poderão ser utilizados para garantir o ressarcimento dos prejuízos causados ao Banco Inter, que colaborou com as investigações.

Perfil dos investigados: luxo e redes sociais
O nome da operação, “Ostentação”, não é por acaso. De acordo com os promotores de Justiça responsáveis pelo caso, os líderes do grupo ostentavam abertamente uma vida de luxo nas redes sociais. Carros importados, festas glamourosas, viagens para o exterior e uma rotina marcada por demonstrações de riqueza chamaram a atenção do GAECO.

Continuidade das investigações
A ofensiva desta terça-feira representa apenas a primeira fase da operação, que ainda pode resultar em novas prisões, denúncias formais e aprofundamento da análise sobre o destino dos recursos desviados.

As provas obtidas nos materiais apreendidos serão analisadas por peritos e promotores especializados em crimes financeiros e lavagem de dinheiro. O MP não descarta a participação de outros bancos e possíveis ramificações em outros estados.

Os investigados poderão responder pelos crimes de organização criminosa, estelionato bancário, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e uso de documento falso, com penas que, somadas, ultrapassam 30 anos de reclusão.

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