A secretária de Desenvolvimento Social e Habitação de São José do Rio Preto, Sandra Reis, registrou boletim de ocorrência nesta terça-feira (23) contra o vereador João Paulo Rillo (PSOL), alegando ter sido alvo de ataques durante audiência pública realizada na Câmara na noite de segunda-feira (22).
Segundo o boletim registrado no 1º Distrito Policial, Sandra relatou ter sido interrompida de forma agressiva pelo parlamentar, que teria distorcido suas falas, elevado o tom de voz e a acusado de prestar “um desserviço à população” e de praticar uma “política higienista”. Para a secretária, a conduta configura violência política de gênero, prevista na Lei 14.192/2021.
O episódio ocorreu durante audiência pública que discutia ações da assistência social e o funcionamento do Centro Pop, unidade voltada ao atendimento da população em situação de rua. No registro, Sandra afirmou sentir-se “ultrajada” e apontou que a sessão não teve caráter construtivo, servindo apenas para “alarde e plateia”.
O boletim também menciona que o comportamento do vereador não foi um caso isolado: em 2 de setembro, durante sessão ordinária, Rillo já havia se exaltado contra a servidora da Câmara, que chorou em plenário após ser alvo de gritos do parlamentar.
Durante a audiência desta semana, o vereador Eduardo Tedeschi (PL) chegou a advertir Rillo a baixar o tom de voz ao se dirigir à secretária, mas a situação persistiu. Em vídeo disponibilizado no canal oficial da Câmara no YouTube, é possível acompanhar o momento da discussão.
Apesar da denúncia, a Polícia Civil registrou o caso como ocorrência não criminal, uma vez que o vereador possui imunidade parlamentar. O delegado responsável destacou, no entanto, que os fatos podem configurar quebra de decoro e que a secretária tem o direito de ingressar com ação judicial por queixa-crime, dentro do prazo de seis meses.
Sandra afirmou que sua atuação nas secretarias de Desenvolvimento Social e Habitação é “intensa e transparente” e rebateu as acusações. “Cumpro todos os prazos, entregamos em seis meses mais matrículas habitacionais do que no ano passado inteiro. Não aceito que digam que presto um desserviço à população”, declarou em entrevista após o registro do BO.
O caso ampliou o desgaste político no Legislativo. O prefeito Coronel Fábio (PL) saiu em defesa da secretária e cobrou aliados para que reajam em situações de ataque a integrantes do governo.
Agora, caberá à Câmara Municipal avaliar se as condutas do vereador caracterizam quebra de decoro parlamentar. Enquanto isso, Sandra afirmou que seguirá acompanhando o caso e avaliando medidas legais adicionais.
Rillo rebateu as acusações ainda na sessão do Legislativo nesta terça-feira, 23, quando negou ter atacado a secretária. Ele afirmou que vai seguir “o debate da política social no município”. O parlamentar mencionou ainda a existência de uma suposta milícia digital envolvendo integrantes do atual governo.
O vereador do PSOL afirmou ainda que vai esclarecer os fatos ocorridos na audiência pública na Casa, quando for chamado pela Polícia Civil para depor durante a investigação.
“O governo municipal foi desmoralizado na audiência pública que realizamos, principalmente no que diz respeito ao Centro Pop. O Boletim de Ocorrência registrado contra mim é uma farsa grotesca. Misoginia é o governo manter na Secretaria de Saúde um secretário condenando em segunda instância por violência doméstica. Desrespeito é o governo manter na Secretaria de Obras um secretário acusado de racismo. Essa é mais uma tática do governo para tirar o foco do projeto desastroso de aumento do IPTU, que vai impactar na vida da população”, consta em nota emitida pela assessoria de Rillo.
