
O ex-prefeito Edinho Araújo (MDB) divulgou uma carta aberta em reação às críticas feitas pelo atual prefeito Coronel Fábio Cândido (PL) ao contrato de financiamento de R$ 649 milhões firmado junto à Caixa Econômica Federal, no fim de 2024, para a obra de captação de água do rio Grande.
Durante as comemorações dos 24 anos do Semae, na última semana, Coronel Fábio classificou o empréstimo como “um erro grave” da gestão anterior, alegando falta de transparência e prometendo rescindir o contrato sem custo para os cofres municipais. Ele defendeu que a captação de água será estudada pelo governo estadual e poderá ser executada em novo modelo, possivelmente via parceria público-privada (PPP).
Em sua manifestação, intitulada “Aos rio-pretenses”, Edinho afirma que atuou “com transparência e responsabilidade” em mais de 50 anos de vida pública e defendeu a criação do Semae, durante seu primeiro mandato, como um “motivo de orgulho” da cidade.
“Infelizmente, o atual governo tenta criar narrativas e inverdades para justificar a ausência de ações concretas. Quero reafirmar que todo o processo conduzido por mim para garantir o futuro do abastecimento de água em nossa cidade foi feito com total transparência”, escreveu.
Segundo ele, o financiamento obtido com a Caixa foi a “solução viável e segura” para assegurar o abastecimento de Rio Preto nas próximas décadas.
Estudo de oito anos
Edinho destacou que o projeto de captação no Rio Grande foi resultado de oito anos de estudos técnicos, com participação de servidores do Semae, da Secretaria da Fazenda e de especialistas da própria Caixa Econômica.
“Este projeto não é uma ficção nem uma falácia. A água do Rio Grande é a fonte mais segura e barata para garantir abastecimento para os próximos anos. O financiamento foi incluído no Programa Saneamento para Todos, com juros subsidiados, entre muitos projetos de todo o Brasil”, afirmou.
Crítica à PPP
O ex-prefeito questionou a decisão de Cândido de substituir o empréstimo por um modelo de parceria público-privada, autorizado a partir de estudos em andamento.
“O que precisa ser explicado agora aos rio-pretenses é por que o atual prefeito pretende desistir desse financiamento público, autorizado pela Câmara Municipal, para propor uma possível PPP. Quem vai pagar essa conta, em última instância, será o povo de Rio Preto”, escreveu.
A divergência expõe um dos principais embates entre as gestões. De um lado, Coronel Fábio busca se distanciar da herança financeira deixada pelo MDB e insiste em alternativas sem endividamento direto. Do outro, Edinho tenta consolidar sua imagem como gestor de planejamento, que deixou um projeto estruturado para a segurança hídrica da cidade.
A disputa em torno do Semae ocorre em um momento em que a autarquia, prestes a expandir sua atuação para drenagem urbana e resíduos sólidos, volta ao centro do debate político e eleitoral em Rio Preto.
O outro lado
Em nota, o Coronel Fábio afirmou o seguinte: “O antigo prefeito contratou um empréstimo no apagar das luzes do seu mandato, sem apresentar uma análise técnica consistente, consultar a Procuradoria do Município ou dialogar com a equipe de transição de governo. Esse vício de endividar a cidade e deixar a conta para a população pagar é típico de uma velha política, em que gestores não valorizam o dinheiro público, o dinheiro do cidadão. Percebemos essa ineficiência ao assumir a prefeitura com um rombo de quase R$ 300 milhões. O cancelamento deste empréstimo, feito de forma irresponsável, vai livrar a cidade de ficar pagando juros e as obras serão feitas com uma visão moderna de gestão pública, com responsabilidade e sem onerar o bolso do contribuinte.”
Atualizado às 10h40
