Quarenta dias depois de ser operado para corrigir uma mielomeningocele, em cirurgia inédita na região noroeste paulista, ainda dentro do útero da mãe, o bebê teve alta do Hospital da Criança e Maternidade (HCM) de Rio Preto nesta segunda-feira (22 de abril). Os pais e profissionais comemoraram o sucesso da cirurgia para a mãe e, principalmente, para o bebê, que deixou o HCM em ótimo estado de saúde e com maiores chances de ter um bom desenvolvimento neuro-motor.
A Mielomeningocele é uma malformação congênita da coluna vertebral do feto que ocorre no início da gravidez. Devido ao fato da medula e raízes nervosas ficarem expostas por causa da malformação, o bebê pode desenvolver complicações graves como dificuldade de marcha – eventualmente não consegue andar – como também o desenvolvimento de hidrocefalia.
O cirurgião fetal do HCM Gustavo Henrique de Oliveira, que realizou o procedimento, explica que a correção intrauterina da mielomeningocele melhora significativamente a qualidade de vida e o desenvolvimento destas crianças. “A cirurgia pode ser feita de maneira tradicional, conhecida como técnica a “céu aberto”, porém, no HCM, realizamos a técnica conhecida como SAFER, procedimento totalmente endoscópico e intrauterino, o que minimiza os riscos maternos e com os mesmos benefícios para o bebê”, explicou o médico.
Atualmente, somente dois hospitais do Brasil realizam esta cirurgia minimamente invasiva devido à alta complexidade e à necessidade de treinamento intenso equipe multidisciplinar envolvida. “O HCM foi o primeiro no noroeste paulista a fazer essa cirurgia. Esse marco histórico mostra que nossa equipe de profissionais está bem capacitada e apta para fazer em ocasiões futuras”, ressaltou Gustavo.
Na saída, o motorista Leandro da Silva Ferraz, pai do bebê, fez questão de agradecer os profissionais do Hospital da Criança e Maternidade. “Mesmo sabendo ser a primeira vez que iriam fazer esta cirurgia, a equipe nos explicou tudo e ficamos muito tranquilos. Agora, nosso filho está aí, com saúde. Não tenho palavras pra dizer aos médicos e todos que cuidaram da minha esposa e meu filho”, disse Leandro, morador de Mirassol.
A mãe Vanessa Ferraz descobriu a malformação em seu filho ao fazer um ultrassom com 20 semanas de gestação. “Para mim foi um susto. Fiquei com medo e imaginei que pudesse ser bem grave, porque tive outras quatro gestações e nunca tinha passado por isso. Mas agora estou aliviada. Sou muito grata a todos do HCM e pelo atendimento que recebi”, disse.
Esta nova técnica cirúrgica é mais um exemplo da condição do HCM de Rio Preto como centro médico referência em tratamento e procedimentos de alta complexidade. “Atualmente temos poucos centros de referência no Brasil em cirurgia fetal e estamos empenhados em nos consolidar cada vez mais por meio da formação da equipe multisiciplinar”, afirmou o ginecologista Wagner Vicensoto, vice-diretor executivo da Funfarme, fundação mantenedora do HCM.