O advogado criminalista Augusto Mendes Araújo conseguiu a soltura de um pai, de 56 anos, e seu filho, 25 anos, – estudante de medicina – que foram presos em flagrante por tráfico de drogas em Rio Preto. A apreensão envolvia 100 pacotes de skunk, uma carga avaliada em mais de R$ 2 milhões e 53 quilos da droga conhecida como “supermaconha”. O caso foi revelado com exclusividade pelo Diário do Rodrigo Lima na terça-feira, 9 – clique aqui para assistir ao vídeo.
De acordo com o advogado, no caso em questão, o pai, é um trabalhador que havia sofrido um acidente e estava afastado do trabalho, recebendo um auxílio de R$ 1.500. Essa redução drástica na renda trouxe dificuldades financeiras para a família. Além disso, o homem não conseguia fazer uma cirurgia necessária através do SUS, o que o deixou desesperado. Clique aqui para assistir a entrevista com o advogado.
“Foi nesse momento de desespero que ele acabou sendo aliciado pelo tráfico de drogas para realizar o transporte da carga, recebendo uma oferta de R$ 10 mil”, disse o advogado.
Segundo o advogado, o filho, estudante de medicina, presenciou o sofrimento do pai e o medo de perdê-lo. “Ao ver o pai prestes a viajar, ele entrou no carro com o intuito de protegê-lo na estrada. Com problemas de visão e graves problemas de saúde, o filho agiu por amor e preocupação com o pai” afirmou.
A defesa levou todo esse cenário familiar e as condições de saúde dos réus ao juiz federal. Foram apresentados documentos que comprovavam que ambos eram réus primários e possuíam emprego formal. Além disso, laudos médicos foram apresentados para evidenciar a gravidade das doenças do pai.
O objetivo era mostrar ao magistrado que a prisão não resolveria os problemas enfrentados pela família e que eles precisavam de apoio do Estado para terem uma vida digna.
“O juiz analisou atentamente todas as provas apresentadas durante a audiência de custódia e, em menos de 24 horas, decidiu pela soltura do pai e do filho. Foi estabelecido um conjunto de medidas cautelares para garantir que ambos cumprissem as obrigações legais e não representassem um perigo à sociedade”, disse Araújo. “Além disso, o filho recebeu permissão para continuar seus estudos no Paraguai, uma vez que a faculdade de medicina que ele frequenta está localizada no país”.
Revolta da sociedade
O advogada admitiu que esse tipo de decisão de soltar os réus desperta a revolta de parte da sociedade. “Muitas vezes enxerga a prisão como a única solução para casos de tráfico de drogas. No entanto, é importante compreender que nem todos os envolvidos são traficantes profissionais. Muitas vezes, são pessoas que foram aliciadas pelo tráfico devido a circunstâncias pessoais difíceis, como no caso dessa família. Colocá-los no sistema carcerário apenas contribuiria para a profissionalização do crime”, argumentou.
Para Araújo, é fundamental entender que a lei e o cenário carcerário no Brasil atualmente não têm a capacidade de reabilitar os indivíduos. “Em vez disso, acabam transformando-os em criminosos experientes”, afirmou.
No caso em questão, o juiz compreendeu essa realidade e optou por medidas cautelares que permitissem aos réus buscar uma vida digna e se reintegrar à sociedade.