O Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) absolveu por unanimidade o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), nesta terça-feira, 17, em ação sobre o tiroteio em Paraisópolis. Ele foi acusado de utilizar bens da União em proveito da sua campanha, devido à presença de seu ex-assessor especial Danilo Campetti, que é policial federal e na época concorria a deputado estadual, naquela mesma agenda, realizada em outubro do ano passado. Campetti é de Rio Preto.
O agente chegou a sacar o distintivo e a arma da PF durante o confronto, o que, na visão da Procuradoria Geral Eleitoral, configura o emprego de bens públicos em campanha. A defesa de Campetti, que também é réu na ação, comprovou que ele estava de folga e alegou que o uso dos equipamentos da corporação não tinham relação com o ato eleitoral, e sim com o tiroteio. Também lembrou que ele havia sido candidato e participou da visita na condição de apoiador.
Na ocasião, o então candidato ao governo do Estado, fazia uma visita ao 1º Polo Universitário de Paraisópolis quando houve uma troca de tiros a cerca de cem metros do local e um homem foi morto após ser baleado. De acordo com uma perícia da Polícia Civil, o disparo foi efetuado por um policial militar.
Com a decisão favorável, auxiliares do governador avaliam que o caminho está livre para que Campetti assuma seu mandato na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). Ele obteve 52 mil votos, mas não conseguiu se eleger. Atualmente, é o primeiro da fila de suplentes do Republicanos e ganharia uma vaga na Alesp caso Tarcísio nomeie um deputado estadual da legenda para um cargo no Executivo.
Um dos temores de Tarcísio é de que esse processo poderia expor o seu governo e o próprio agente federal como deputado.
Em junho deste ano, Campetti deixou o cargo de assessor especial do governador após o Ministério da Justiça cancelar sua cessão ao governo do Estado. Oficialmente, consta que a decisão havia sido tomada devido à falta de efetivo.
Há suspeita, no entanto, que a medida teria sido uma tentativa de vingança pessoal por parte do presidente Lula, já que Campetti atuou na prisão e na condução coercitiva do presidente durante a Operação Lava Jato e o escoltou, em 2019, quando o petista teve liberdade provisória concedida para ir ao velório do neto.
Dois meses depois de retornar à delegacia da PF de Rio Preto onde estava lotado, Campetti foi afastado preventivamente das suas funções na corporação em razão de um processo administrativo disciplinar aberto para investigar justamente a sua participação no tiroteio de Paraisópolis.
O afastamento acaba no próximo dia 1º e precisa de uma justificativa para ser prorrogado. Com a decisão do TRE, a expectativa de aliados do governador é de que seja cancelado o afastamento de Campetti.