PODCAST – O desafio das UPAs: atrasos no atendimento e a iminente epidemia de dengue em Rio Preto

Rodrigo Lima
A médica Merabe Muniz durante a gravação do Podcast Diário do Rodrigo Lima /imagem reprodução
A médica Merabe Muniz, coordenadora da Emergência e Urgência da Secretaria de Saúde de Rio Preto, afirma que a epidemia de dengue é iminente na cidade. Ela participou da gravação do Podcast Diário do Rodrigo Lima – clique aqui para assistir – , onde falou ainda sobre a preocupação de casos de violência contra os médicos das Unidades de Pronto Atendimentos (UPAs) na cidade.
Ao pensar em saúde pública, um dos principais desafios enfrentados na gestão do prefeito Edinho Araújo (MDB) são os atrasos nos atendimentos das UPAs. Esse problema é recorrente e gera preocupações tanto para os profissionais de saúde quanto para a população que busca atendimento. Merabe cita os motivos desses atrasos e como a Secretaria de Saúde busca soluções para tentar melhorar essa situação.
De acordo com a médica, um dos principais motivos para os atrasos nos atendimentos das UPAs é o aumento significativo no número de pacientes. Isso ocorre devido ao crescimento do índice de casos de COVID-19 e, recentemente, do aumento de pacientes com dengue nos últimos dias. A previsão é de que essa situação não melhore tão cedo, o que sobrecarrega ainda mais os serviços de saúde.
A Secretaria de Saúde registrou 625 casos confirmados de dengue na cidade na última semana. Outros 1.251 casos seguem em investigação. No comparativo entre dezembro do ano passado e janeiro deste ano, o número de atendimentos nas  UPAS e Unidades Básicas de Saúde cresceu cerca de 150%.

“Já em algumas semanas registramos o aumento considerável do índice de pacientes com dengue. E a previsão é de que isso não vá melhorar. Na verdade, vai piorar. Todo mundo está vendo que estamos tendo bastante informativo referente a essa situação epidêmica que estamos caminhando para ela. Ainda não está sendo considerado epidemia, mas estamos indo em direção a isso. E essa situação acaba sobrecarregando o sistema de saúde”, afirmou a coordenadora da urgência e emergência.

Além disso, a médica, que vai disputar a presidência do Sindicato dos Médicos de Rio Preto, diz que a sazonalidade da pediatria também contribui para o aumento dos atendimentos. Após as férias, as crianças retornam às atividades escolares e isso eleva o número de casos de doenças infectocontagiosas mais simples, mas que demandam atendimento nas unidades de saúde.

De acordo com Merabe, a Secretaria de Saúde tem buscado criar estratégias para lidar com esse aumento de demanda, mas é importante ressaltar que a saúde pública trabalha com recursos limitados. Portanto, mesmo com as medidas adotadas, não há previsão de melhora nos tempos de espera dos atendimentos nas UPAs. A população precisa entender as condições enfrentadas e os direitos e deveres relacionados a essa situação.

Papel da população
A médica afirma que um fator importante a ser considerado é o uso adequado do serviço de saúde. “É fundamental que a população saiba quando procurar o atendimento de urgência e emergência nas UPAs”, disse. Situações inapropriadas, como um paciente com uma unha encravada há 60 dias buscando atendimento de urgência, acabam congestionando o serviço e atrapalhando o atendimento de pacientes com quadros mais graves.

É essencial que a população entenda em quais situações é necessário buscar o atendimento nas UPAs. Casos como dores torácicas, sinais de gravidade e sintomas de crises hipertensivas devem ser tratados como emergências e demandam atendimento imediato. Por outro lado, situações mais leves e recorrentes, como cólicas renais ou cortes simples, devem ser direcionadas para a atenção básica, nas unidades de saúde da família.

A população também precisa compreender que o serviço de saúde trabalha com critérios de gravidade. A triagem realizada nas UPAs classifica os pacientes de acordo com a gravidade do seu quadro, não levando em consideração apenas a faixa etária. Portanto, é importante que cada paciente aguarde o atendimento de acordo com a sua classificação.

Segundo Merabe, Infelizmente, um dos problemas enfrentados pelas UPAs é a agressão aos profissionais de saúde. Pacientes leves, que nem deveriam estar buscando atendimento nas UPAs, muitas vezes são os responsáveis por essas agressões. É fundamental que a população entenda que esse tipo de comportamento não resolve o problema e só piora a situação. A violência dentro do serviço de saúde atrasa o atendimento e prejudica tanto o paciente que agride quanto os demais pacientes que estão esperando.

Os profissionais de saúde passam por uma grande sobrecarga de trabalho, especialmente os que atuam nas urgências e emergências. Esses profissionais são os responsáveis por tomar decisões e resolver os problemas dos pacientes, e é fundamental que sejam respeitados e valorizados. A agressão a esses profissionais é inaceitável e precisa ser combatida.

Segurança 
Outro desafio enfrentado pelas UPAs é a questão da segurança. Desde dezembro, as unidades têm enfrentado problemas com a segurança interna, o que tem impactado negativamente no atendimento. A falta de profissionais de segurança compromete a proteção dos profissionais de saúde e dos próprios pacientes.

A Secretaria de Saúde reconhece a necessidade de profissionais de segurança nas unidades e já solicitou a contratação desses profissionais. No entanto, devido à falta de recursos, a reposição não tem sido possível. Essa falta de segurança resulta em diversos problemas, como a saída de profissionais que não se sentem seguros para trabalhar nas UPAs.

A falta de reposição de profissionais também é uma questão delicada. Quando há escassez de médicos, por exemplo, as escalas de trabalho precisam ser redesenhadas, distribuindo os profissionais de acordo com a necessidade do serviço. No entanto, isso acaba sobrecarregando os médicos que já estão atuando, levando-os a trabalhar mais horas e aumentando o desgaste físico e emocional.

Telemedicina
A telemedicina tem se mostrado uma alternativa viável para melhorar o atendimento nas UPAs. Esse serviço permite que o paciente seja atendido remotamente por um médico, evitando a necessidade de deslocamento até a unidade de saúde.

A telemedicina é uma solução mais barata e eficiente para casos mais leves, em que o médico pode realizar a consulta virtualmente, prescrever medicamentos e dar orientações aos pacientes. Essa modalidade de atendimento ajuda a diminuir o fluxo de pacientes nas UPAs e oferece uma opção mais acessível para aqueles que não precisam de atendimento presencial.

A Secretaria de Saúde tem investido no desenvolvimento da telemedicina e busca ampliar esse serviço nos próximos anos. A ideia é que a telemedicina seja cada vez mais utilizada para atender pacientes da atenção básica, renovar receitas, solicitar exames simples e oferecer orientações médicas.

Atrasos
Os atrasos nos atendimentos das UPAs são um problema sério que precisa ser enfrentado. A população precisa entender a gravidade da situação e colaborar, utilizando corretamente os serviços de saúde. É essencial que cada paciente busque o atendimento adequado de acordo com a gravidade do seu quadro.

A Secretaria de Saúde tem trabalhado para melhorar o atendimento nas UPAs, mas é importante ressaltar que a saúde pública enfrenta limitações financeiras e de recursos humanos. A falta de segurança nas unidades também é um fator preocupante e precisa ser solucionado.

A telemedicina surge como uma alternativa promissora para melhorar o atendimento nas UPAs e diminuir os atrasos. Esse serviço oferece uma opção mais acessível e eficiente para casos leves, evitando deslocamentos desnecessários e reduzindo o fluxo de pacientes nas unidades.

É fundamental que a população, os profissionais de saúde e os gestores trabalhem juntos para buscar soluções e melhorar a qualidade do atendimento nas UPAs. A saúde pública é uma responsabilidade de todos, e é necessário que cada um faça a sua parte.

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