PODCAST – Médica infectologista do HB tira dúvidas sobre a epidemia de dengue e como se proteger

Rodrigo Lima

A médica infectologista Cássia Estofolete fez um alerta sobre a dengue, os sintomas, a prevenção, o tratamento e a importância da vacinação para lidar com essa grave questão de saúde pública. Ela participou da gravação do Podcast Diário do Rodrigo Lima.
Ela chamou a atenção para o tipo de vírus da dengue que está circulando na região de Rio Preto. Ela citou o sorotipo 3, que não registra casos de internação hospitalar na região há mais de 15 anos. Este sorotipo se junta ao sorotipo 2, já presente no noroeste paulista.
De acordo com a médica, a região enfrenta um aumento significativo nos casos de dengue. As hospitalizações continuam a crescer, refletindo a gravidade da situação. Muitos pacientes necessitam de cuidados intensivos devido à desidratação ou complicações mais sérias da doença. A vigilância e prevenção continuam sendo essenciais para lidar com essa crise de saúde pública.

A prevenção começa em casa, com a eliminação de criadouros do mosquito Aedes Aegypti. É fundamental realizar uma limpeza semanal dos ambientes para interromper o ciclo de vida do mosquito. Além disso, é crucial conscientizar a comunidade sobre a importância dessas ações. O uso de repelentes é recomendado tanto para quem já contraiu o vírus quanto para quem deseja se proteger.Vacinação

A vacina disponível requer duas doses para uma imunização eficaz. A primeira dose deve ser seguida por uma segunda após três meses. Nesse momento crítico da epidemia, talvez não haja tempo para uma proteção completa para todos. Mesmo assim, a vacinação é uma ferramenta essencial na luta contra a dengue.

“A dengue é causada por quatro sorotipos diferentes do vírus. Atualmente, os tipos 2 e 3 estão em circulação, sendo o tipo 3 especialmente preocupante, pois não circulava há mais de 15 anos. Isso significa que grande parte da população é suscetível a ele, o que pode levar a casos mais graves”, afirmou a médica do hospital de base (HB).

Antes de a doença se tornar grave, existem sinais de alarme que indicam a necessidade de hospitalização. Sintomas como dor abdominal intensa, vômitos persistentes e sensação de desmaio são alertas importantes. O tratamento adequado nesse estágio pode prevenir complicações mais sérias.

Sintomas típicos da dengue

A dengue se manifesta com febre súbita, dores de cabeça e no corpo, e vermelhidão na pele. Entre o terceiro e quinto dia, sintomas mais severos podem surgir, como dor abdominal e vômitos intensos. É crucial procurar atendimento médico antes que a condição se agrave.

Para aqueles que não necessitam de hospitalização, a hidratação é vital. Recomenda-se a ingestão de 60 ml de líquido por quilo de peso diariamente. Além disso, devem-se evitar anti-inflamatórios e corticoides, optando por analgésicos simples para alívio dos sintomas.

Sangramentos e formas graves da doença

Sangramentos nas gengivas, nariz e em mulheres, aumento do fluxo menstrual, são sinais de formas mais graves da dengue. Em casos mais severos, podem ocorrer sangramentos internos, como hemorragias cerebrais, que exigem atenção médica imediata.

O tratamento da dengue é baseado em cuidados de suporte, como hidratação e controle dos sintomas. A recuperação pode ser lenta, com alguns pacientes experimentando fadiga e outros sintomas por semanas ou meses após a infecção inicial.

De acordo com a médica, a dengue afeta todas as idades, desde crianças até idosos. Este ano, todos os grupos etários têm sido impactados, com casos variando em gravidade. O tratamento e a recuperação podem ser mais desafiadores para alguns, dependendo de sua saúde geral e da resposta imunológica ao vírus.

Nos últimos anos, o avanço das pesquisas têm proporcionado novas abordagens no combate à dengue. Desde mosquitos geneticamente modificados até vacinas mais eficazes, o campo de inovações está em expansão. O uso de mosquitos estéreis, por exemplo, é uma técnica promissora que visa reduzir a população de mosquitos transmissores.

Além disso, o desenvolvimento de vacinas tem acelerado. Atualmente, há duas vacinas disponíveis e uma terceira em fase de testes. A ciência continua a buscar soluções que possam ser implementadas em larga escala, oferecendo esperança de controle mais eficaz da doença no futuro.

Para Cássia, a resistência à vacinação contra a dengue ainda é um desafio significativo. Muitas pessoas hesitam em se vacinar devido à desinformação ou medo dos efeitos colaterais. Essa resistência é exacerbada pela falta de entendimento sobre a segurança e a eficácia das vacinas.

Campanhas educativas são essenciais para desmistificar o processo de vacinação. Esclarecer que a imunização não é apenas uma proteção individual, mas um ato de responsabilidade coletiva, pode ajudar a aumentar a adesão.

A reinfecção por diferentes sorotipos do vírus da dengue pode ocorrer, e cada episódio subsequente tende a ser mais grave. Isso se deve à resposta imunológica do corpo, que pode não ser completamente eficaz contra um novo sorotipo.

Além disso, as consequências a longo prazo da dengue incluem fadiga persistente e, em alguns casos, complicações mais severas como problemas neurológicos ou cardíacos. A atenção médica contínua é crucial para gerenciar essas condições.

Situação nos hospitais 

Os hospitais têm enfrentado uma carga crescente de pacientes devido à epidemia de dengue. Embora a rotatividade de leitos ajude a gerenciar o fluxo de pacientes, as equipes estão sobrecarregadas.É vital que os hospitais mantenham protocolos rigorosos para garantir que todos os pacientes recebam o atendimento necessário. Treinamentos contínuos para os profissionais de saúde são essenciais para lidar com a complexidade dos casos.

As complicações da dengue podem incluir sangramentos e inflamações em órgãos vitais. Em alguns pacientes, os sintomas persistem por meses, afetando a qualidade de vida.

O monitoramento contínuo de pacientes que tiveram dengue é importante para detectar e tratar quaisquer complicações que possam surgir. A recuperação completa pode ser lenta, e o suporte médico é crucial durante esse período.

Diferenças entre Dengue, Chikungunya e Zika

Dengue, chikungunya e zika são doenças transmitidas pelo mesmo mosquito, mas apresentam diferenças nos sintomas e na gravidade. A chikungunya é conhecida por causar dores articulares intensas, enquanto a zika é geralmente mais branda, mas pode ter consequências severas em gestantes.

Embora os sintomas iniciais sejam semelhantes, o tempo de duração e a intensidade variam, necessitando de diagnósticos precisos para o tratamento adequado.

Diagnóstico e casos assintomáticos

Segundo Cássia, o diagnóstico preciso da dengue é feito por meio de exames laboratoriais que detectam a presença do vírus ou dos anticorpos. No entanto, muitos casos são assintomáticos, o que dificulta a notificação e o controle da doença.

Exames de anticorpos podem ajudar a identificar infecções passadas, contribuindo para um melhor entendimento da disseminação do vírus na população.

Procurar ajuda médica ao primeiro sinal de sintomas é crucial para evitar complicações graves. A automedicação pode ser perigosa, especialmente com o uso de anti-inflamatórios que podem aumentar o risco de sangramentos.

Os serviços de saúde devem ser acessados conforme a gravidade dos sintomas, desde postos de saúde para casos leves até emergências para sinais de alarme.

Dicas de alimentos e hidratação

A hidratação adequada é fundamental para pacientes com dengue. O consumo de líquidos, como água e sucos naturais, ajuda a manter o corpo hidratado e a aliviar os sintomas.

Alimentos leves, como sopas e canjas, são recomendados, especialmente para aqueles que apresentam náuseas ou vômitos. A alimentação deve ser adaptada à tolerância do paciente, garantindo a ingestão de nutrientes essenciais.

Deixe um comentário