Um dos responsáveis pela implantação do modelo da escola cívico-militar em Rio Preto, Coronel Ernesto Puglia Neto, participou da gravação do Podcast Diário do Rodrigo Lima. Ele rebateu a diretora da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) que, em episódios anteriores, se posicionou contrária o modelo defendido pelo militar.
Em entrevista recente, o Coronel Ernesto, compartilhou sua visão sobre o sistema educacional que ele ajudou a criar no município. Em um diálogo descontraído, o Coronel explicou as bases do modelo cívico-militar e respondeu a críticas sobre o mesmo, principalmente sobre a alegação de que esse modelo seria disciplinador, mas não humanizado.
Modelo EFM de educação
O Coronel Ernesto, ao lado do prefeito Coronel Fábio Cândido (PL) e do Coronel Márcio Cortês, desenvolveu o modelo educacional que ficou conhecido como EFM (Ernesto, Fábio, Márcio). Este modelo, que atualmente é aplicado em escolas particulares e teve tentativa de ser implementado em escola pública em Santa Fá do Sul, visa promover a formação de cidadãos mais disciplinados e conscientes de seus direitos e deveres.
Ao falar sobre o modelo, o Coronel explicou que a disciplina, no contexto do EFM, é muito mais do que uma mera imposição de regras rígidas. Segundo ele, a disciplina é uma virtude, uma característica que deve ser cultivada, como ensina Aristóteles. “Disciplina é a capacidade de organizar-se, de definir prazos, de ter um ambiente ajustado para atingir metas”, afirmou. Para ele, disciplina não é sinônimo de castigo, como muitos podem pensar ao associar o modelo a um sistema militar rígido.
Disciplina e educação humanizada
Em resposta às críticas de que o modelo seria excessivamente disciplinar e desprovido de um componente humanizado, o Coronel Ernesto defendeu a ideia de que disciplina e humanização podem coexistir. Ele explicou que, ao trabalhar a disciplina como virtude, o modelo visa ensinar aos alunos hábitos de responsabilidade, organização e respeito aos outros. “A disciplina, quando compreendida como virtude, leva ao desenvolvimento de hábitos que, com o tempo, se transformam em comportamentos adequados”, disse.
O Coronel também rebateu a crítica sobre a falta de humanização, que foi levantada por uma diretora da OAB em uma entrevista anterior no podcast. Ele argumentou que a humanização no modelo EFM é garantida pelo foco no desenvolvimento das habilidades socioemocionais dos alunos, que ele considera essenciais para a formação do caráter. “Quando se trabalha comunicação, empatia e outras soft skills, você está contribuindo para a formação de um indivíduo mais humanizado, mais empático”, explicou. Segundo ele, a chave está em entender que a disciplina deve ser acompanhada de uma educação que envolva o aluno como protagonista de sua própria formação.
Protagonismo e Cidadania
O Coronel Ernesto também destacou o protagonismo dos alunos como um pilar importante do modelo cívico-militar. Ele afirmou que, ao contrário das críticas que o modelo não permite autonomia, o EFM busca justamente fazer com que os estudantes se tornem protagonistas de suas ações. Através de atividades que estimulam habilidades socioemocionais e o entendimento de cidadania, o modelo EFM prepara os alunos para exercerem sua cidadania de forma ativa e responsável. “Quando falamos de protagonismo, estamos falando de crianças e adolescentes que sabem o que é ser responsável, que compreendem seus direitos e deveres”, disse.
Além disso, o Coronel defendeu a ideia de que o sistema educacional deve ser mais do que o simples repasse de informações, mas deve também formar cidadãos conscientes, conhecedores do funcionamento da política e da sociedade. “Hoje em dia, muitos jovens não sabem o que um vereador faz, por exemplo. Isso é um reflexo da falta de ensino de cidadania nas escolas”, afirmou. A proposta do EFM é justamente preencher essa lacuna, com matérias como Civismo e Cidadania, que ensinam os estudantes sobre a política, os direitos humanos e o funcionamento das instituições democráticas.
Outro ponto defendido pelo Coronel Ernesto é a importância de ensinar valores morais e éticos, que considera essenciais para a formação de um bom cidadão. Ele comparou o ensino do civismo nas escolas atuais com o período anterior à década de 1980, quando matérias como Organização Social e Política do Brasil e Educação Moral e Cívica eram mais presentes nos currículos escolares. “Hoje, muitos alunos não sabem o que é um sistema eleitoral, o que um deputado faz ou qual a função de um vereador. Isso é algo que queremos mudar”, comentou o Coronel.
Em relação ao ensino de ética, ele destacou que, dentro do modelo EFM, são trabalhados temas como a importância de respeitar os direitos dos outros e a necessidade de se entender que a todos os direitos correspondem deveres. “A todo direito, para que eu possa desfrutá-lo, você tem o dever de respeitar o meu direito”, enfatizou.
Além dos princípios básicos de cidadania e civismo, o modelo EFM também dedica atenção ao desenvolvimento psicossocial dos alunos. O Coronel Ernesto explicou que o modelo inclui atividades que estimulam o desenvolvimento das chamadas soft skills (habilidades socioemocionais), como a comunicação, a empatia e a liderança. Segundo ele, essas habilidades são fundamentais para a formação do indivíduo e para a construção de um ambiente de respeito mútuo.
Entre as atividades propostas no EFM, destaca-se a Ordem Unida, uma prática que visa o desenvolvimento psicomotor das crianças, melhorando sua atenção, concentração e foco. “A ideia é que, por meio de atividades lúdicas e dinâmicas, as crianças desenvolvam uma maior concentração, o que também ajuda em sua vida acadêmica”, afirmou.