Neste programa, discutimos um dos maiores desafios enfrentados pelas forças de segurança na região, que é a violência que assola os bairros e envolve o uso de armas de fogo por crianças e adolescentes. A intenção é formatar uma audiência pública na Câmara para debater o temas com as autoridades e forças de segurança.
Um dos temas centrais dessa discussão é a banalização da vida. Conforme relatado por Duarte, a violência é alimentada por desentendimentos triviais, como disputas por pipas ou desafios entre jovens, que acabam resultando em confrontos armados e tragédias. Nesse contexto, a desvalorização da vida é evidente, e o resumo desse problema se resume à palavra “banal”.
“Conversando com moradores e membros das comunidades afetadas, foi possível observar o impacto direto desse cenário de violência. Bairros como Santo Antônio e Vila Toninho são os mais castigados, com altos índices de homicídios e tentativas de homicídio”, afirmou o advogado.
A guerra entre gangues e disputas territoriais têm causado uma escalada preocupante de crimes e violência nessas regiões periféricas.
Diante desse cenário, a Comissão de Direitos Humanos da OAB tem se mobilizado para conscientizar e atuar junto às autoridades e comunidades locais. A iniciativa busca promover a valorização da vida e buscar soluções para amenizar a violência e os conflitos que assolam a região.
Papel da sociedade
É crucial envolver a sociedade no combate à violência e no resgate dos valores humanos. A conscientização, a educação e o diálogo são ferramentas essenciais para promover a paz e a segurança nas comunidades afetadas. É preciso dar suporte e oportunidades aos jovens, afastando-os do caminho da violência e proporcionando alternativas construtivas para seus futuros.
De acordo com Duarte, a violência e a banalização da vida são problemas urgentes que exigem ação imediata. Através do trabalho conjunto das autoridades, das organizações e da sociedade civil, é possível mudar a realidade dessas comunidades e oferecer um futuro mais promissor para todos os envolvidos. A valorização da vida e o respeito mútuo são fundamentais para construir um ambiente seguro e pacífico para todos.
BRINCAR DE MATAR, QUEM MORRER PERDE.
Uma visão interna do conflito armado entre jovens, intitulado “GUERRA DOS BAIRROS”.
Nos últimos meses, temos testemunhado uma escalada alarmante de violência nas ruas de São José do Rio Preto. Jovens e adolescentes, muitas vezes mal orientados e desesperançados, estão se envolvendo em confrontos brutais por motivos fúteis, onde até mesmo pequenas discordânciassão resolvidas com armas e violência.
Uma guerra está sendo travada nas ruas de São José do Rio Preto, onde em sua maioria os jovens e adolescentes têm sido as principais vítimas.
Motivados por vingança e por incitações entre grupos de bairros rivais, o que se busca não é nem o domínio nas ruas, mas sim impor o poder bélico a fim de “oficializar’’ no município qual é o bairro que mais matou. Estes jovens chegam a realizar lives em redes sociais, proferindo promessas de ataques uns aos outros, demonstrando suas armas e prometendo vinganças das quais vem sendo cumpridas.
Jovens de bairros rivais estão engajados em confrontos violentos, deixando um rastro de morte e desolação a nossa juventude.
Enquanto isso, mães destroçadas enfrentam o pior pesadelo de suas vidas, perdendo seus filhos para uma realidade de violência sem sentido.
Apesar dos esforços das forças de segurança pública, em tentar conter a situação de guerra, a lacuna deixada pelas políticas públicas voltadas à proteção da nossa juventude, além de falha, não está dando a merecida publicidade que esta guerra merece em nosso dia.
Não existe horário, nem dia, um veículo se aproxima e efetua diversos disparos contra quem estiver no lugar e na hora que foi marcada a execução.
A ordem é matar, a situação narrada por jovens entrevistados por membros da COMISSÃO DE DIREITO HUMANOS DAOAB – RIO PRETO, demonstra a banalização da vida e a forma natural que estes jovens vêm enfrentando esse cotidiano, como se fosse normal morrer apenas porque mora em certa área da cidade.Foi relatado que a ordem é não perder a viagem, o bonde da morte sai em direção ao bairro rival, sabem que em certo local poderá encontrar um suposto inimigo, contudo mesmo que a vítima desejada não esteja ali, qualquer outro jovem que porventura esteja no local, terá sua morte decretada.
Contudo para cada jovem que tem sua vida ceifada por essa guerra covarde, nascem outros insurgentes no bairro que foi atacado, indignados com a forma que foram desafiados, a justiça que deveria ser através da intervenção do ESTADO, se transforma em revolta, e a revolta precisa ser alimentada por vingança, o lema é:
“Caiu um aqui, Vai ter que cair dois lá’’. Estamos assistindo atônitos em nossos apartamentos e condomínios fechados, uma batalha sem trégua, dividida e diluída em capítulos diários que nos faz ter a impressão que está tudo dentro da normalidade.
Contudo estes jovens, por estarem vendo morrer de forma brutal seus irmãos, primos, amigos, estão sendo atraídos cada dia mais para o mundo do crime, onde encontram uma falsa sensação de poder e pertencimento.
No entanto, o preço dessa busca por vingança e status nas ruas é demasiadamente alto.
A vidas desses jovens estão sendo ceifadas em ataques covardes e rotineiros, em uma guerra sem causa e exigências formais.
O desespero das mães que perderam seus filhos para a violência é palpável. Em relatos angustiantes, elas compartilham suas histórias de dor e sofrimento, descrevendo a agonia de enterrar um filho vítima da violência urbana. Familiares também expressam sua revolta com a impunidade que permeia esses crimes e clamam por justiça e paz nas ruas.
Diante dessa crise em curso, líderes comunitários, ativistas e membros da sociedade civil devem se unir em um apelo urgente por medidas concretas para conter a violência em São José do Rio Preto.
Devemos demandar por ações imediatas das autoridades, incluindo o reforço da segurança nas áreas afetadas, o investimento em programas de prevenção ao crime e o apoio às famílias impactadas pela violência.
O tempo de agir é agora, antes que mais vidas sejam perdidas e mais mães tenham que enterrar seus filhos por causa da violência desenfreada nas ruas.
A guerra urbana que assola São José do Rio Preto é um alerta para a urgência de enfrentarmos os desafios sociais e estruturais que alimentam a violência entre jovens.
Somente com um compromisso coletivo e a implementação de políticas públicas eficazes poderemos oferecer um futuro mais seguro e promissor para as gerações futuras.
Enquanto isso, as mães continuam a chorar a perda de seus filhos, clamando por justiça e pelo fim dessa guerra sem sentido.
É imperativo que as autoridades e a comunidade se unam em um esforço conjunto para pôr fim a essa carnificina e garantir um futuro mais seguro e promissor para os jovens da cidade.
SÃO JOSÉ DO RIO PRETO -SP
21 de fevereiro de 2024
Uederson Duarte
Advogado
Membro da Comissão de Direitos Humanos
OAB- RIO PRETO.