ANÁLISE/DEBATE: Nem Bolsonaro e nem Lula conseguem avançar sobre eleitor indeciso; eles priorizam ataques mútuos

Rodrigo Lima
Lula e Bolsonaro puderem chegar bem próximo um dos outro durante debate na TV Band/imagem – reprodução

Quem assistiu ao debate promovido neste domingo, 16, entre o ex-presidente Lula (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) teve oportunidade de ver a troca de acusações aberta entre os dois candidatos que disputam o 2º turno da eleição. Por diversas vezes, eles se referiram ao oponente como “mentiroso”.

A tônica foram as prestações de contas dos seus respectivos governos e ataques cirúrgicos em que Lula usou a pandemia da Covid-19 contra Bolsonaro, que contra-atacou com as acusações de corrupção nos governos do PT. Os dois candidatos, não conseguem ajustar o discurso para conquistar novos eleitores, principalmente, os indecisos. A preocupação é garantir a satisfação dos eleitores já “convertidos”. Ou seja, a disputa segue a aberta para os dois lados – assista a vídeo de trecho engraçado do debate! 

Além da discussão sobre o coronavírus, Petrolão, disseminação de fake news e STF (Supremo Tribunal Federal) também foram usados como munição pelos dois candidatos. O debate pela TV Band, Folha de S. Paulo e TV Cultura. Lula subiu ao palco antes de Bolsonaro, que entrou e não cumprimentou o petista. Os dois ficaram frente a frente por diversos momentos.

No primeiro bloco do debate, Bolsonaro e Lula trocaram insultos e apresentaram dados de seus governos relacionados à Educação, Pandemia, vacinas, Transposição do rio São Francisco e programa de obras. A tática de ambos era tentar convencer o eleitor de que o adversário faltava com a verdade, onde se chamavam mutuamente de mentirosos.

O petista acusou Bolsonaro de atraso na compra das vacinas, além de ser culpado por mais de 400 mil mortes no país. O presidente rebateu a acusação ao dizer que não havia vacina para vender em 2020. Ele citou ainda que a CPI da Covid não apurou denúncia de corrupção do Consórcio Nordeste.

Lula disse que deixou as obras de Transposição do São Francisco com 88% das obras concluídas, enquanto que Bolsonaro afirmou que faltavam só 12% porque a obra não foi concluída durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff.

O preço dos combustíveis também foi tema abordado pelos candidatos sendo que Bolsonaro apontou a pandemia como causa  do aumento do produto no mundo todo.  “No final o Congresso votou e eu sancionei a redução do ICMS. Abri mão de todos os impostos. Isso puxou pra baixo o preço das coisas. São três meses de deflação. Temos hoje uma das gasolinas mais baratas do mundo. Paulo Guedes é um orgulho do nosso governo”.

Já Lula criticou Bolsonao alegando que os combustíveis vão aumentar de preço após a eleição. “Vendeu-se a BR e hoje temos mais de 300 empresas comprando dos Estados Unidos e é dolarizado o combustível. Coisa que não deveria ser feita. Sou contra a privatização. É uma loucura privatizar a Petrobras”, disse o petista.

A corrupção é tema recorrente entre Bolsonaro e Lula. O presidente voltou a citar o petrolão e citou que Lula colocou diretorias da Petrobras nas mãos dos partidos para aprovar projetos no Congresso. O petista rebateu a acusação ao citar que o senador, aliado do atual presidente, exerceu um dos cargos.

O petista cobrou Bolsonaro sobre o reajuste real do salário mínimo. Os dois se enfrentaram ainda sobre os números do desmatamento da Amazônia.

No bloco final, Bolsonaro afirmou o seguinte:  “Quero um país livre, onde seja respeitada a liberdade de expressão, possa trabalhar, vai pra escola sem ser cooptado com ideologia de gênero. Quero um país sem drogas. Não queremos liberar as drogas, respeitamos a vida desde a sua concepção, respeito ao homem do campo, pelo direito à legítima defesa. E não o país do retrocesso e da roubalheira”.

Já Lula voltou a atacar Bolsonaro: “Meu adversário tem a maior cara de pau. Quem defende a democracia sou eu. Ele é um pequeno ditadorzinho. Meu adversário quer ocupar a Suprema Corte. Quero governar priorizando o cuidado com o povo. 33 milhões de pessoas passando fome, as pessoas na fila do osso. Vamos voltar a consertar esse país e no fim de semana tomar uma cerveja e comer um churrasquinho”.

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