Namorado é condenado a 31 anos por matar médica em Rio Preto; julgamento durou mais de 5 horas

Rodrigo Lima
Amigos, familiares e colegas da Famerp fizeram protesto antes do julgamento no Fórum de Rio Preto/imagem – Rodrigo Lima 22/4/2025

Terminou na noite desta terça-feira, 22, após mais de cinco horas de duração, o julgamento de Davi Isaque Martins da Silva, acusado de matar a médica Thallita Cruz Fernandes em agosto de 2023. O júri foi realizado no Fórum Criminal de Rio Preto e resultou na condenação do réu a 30 anos de prisão por homicídio e 1 ano e seis meses por tentativa de ocultação de cadáver. A pena deve ser cumprida em regime fechado, sem possibilidade de recurso.

O júri popular, que estava previsto para começar às 13h30, teve início por volta das 14h20. Do lado de fora do fórum, manifestantes se reuniram em protesto, pedindo justiça por Thallita e penas mais severas para casos de feminicídio. O Diário do Rodrigo Lima conversou com a mãe e tia da vítima – clique aqui para assistir ao vídeo.

A sessão começou com o depoimento do delegado Alceu Oliveira Junior, responsável pela investigação do caso. Em seguida, a mãe da vítima foi ouvida e relatou, emocionada, aspectos da vida da filha e os impactos causados pelo crime. O pai da médica também prestou depoimento, por videoconferência.

Delegado Alceu prestou depoimento durante julgamento/imagem – Rodrigo Lima 22/4/2025

Davi foi interrogado antes da fala do promotor de Justiça. Ele declarou estar arrependido e afirmou que agiu em legítima defesa, alegando ter sido ferido por Thallita com uma facada nas costas. No entanto, o laudo do exame de corpo de delito, feito até 48 horas após o crime, indicou apenas um corte superficial em um dos dedos da mão.

O promotor Horival Marques de Freitas Junior teve uma hora e meia para apresentar os argumentos da acusação. Ele defendeu a tese de que o assassinato foi praticado por motivo torpe, com crueldade e impossibilidade de defesa da vítima. Além da condenação por homicídio qualificado e feminicídio, o promotor pediu a condenação pela tentativa de ocultação do cadáver.

Durante a audiência, foi mencionado ainda que o acusado teria usado a conta de streaming da vítima, após o crime, para assistir a um documentário sobre Elize Matsunaga, condenada por matar e esquartejar o marido. Segundo o promotor, Davi teria visto o documentário no apartamento onde o corpo da médica ainda estava, tentando depois ocultá-lo da mesma forma, colocando-o em uma mala.

A defesa do réu ficou a cargo da advogada Karen Requena, nomeada pela Defensoria Pública há apenas 15 dias. Ela assumiu o caso após a renúncia do advogado anterior, que abandonou a defesa faltando menos de um mês para o julgamento. Requena buscou convencer o júri de que houve excesso de legítima defesa ou algum atenuante que justificasse uma pena menor.

O julgamento foi presidido pela juíza Gláucia Véspoli dos Santos, da 5ª Vara Criminal. O conselho de sentença foi formado por sete jurados – seis mulheres e um homem. A equipe de defesa também foi composta exclusivamente por mulheres.

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