
O Hospital de Base de São José do Rio Preto foi o que mais recebeu recursos em 2024 via a Tabela SUS Paulista — iniciativa anunciada no primeiro ano de gestão do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). Foram mais de R$ 234 milhões repassados à instituição, que também lidera o ranking de procedimentos realizados entre os hospitais conveniados ao Sistema Único de Saúde (SUS) em São Paulo.
Lançada como uma resposta para destravar as filas e valorizar o atendimento hospitalar no estado, a Tabela SUS Paulista teve, no seu primeiro ano de vigência, um impacto histórico: R$ 4,3 bilhões repassados a Santas Casas e hospitais filantrópicos, valor 80% superior ao destinado em 2023.
Fontes do governo afirmam que a meta era acelerar o acesso e ampliar a capacidade de atendimento das unidades que historicamente operavam com déficit — por conta da defasagem da tabela nacional do SUS. A estratégia: pagar até cinco vezes mais por procedimento, com recursos 100% do Tesouro Estadual.
“Nosso objetivo com a Tabela SUS Paulista sempre foi muito claro: fazer as filas andarem, qualificar o atendimento e garantir que toda a população tenha acesso a uma saúde pública eficiente”, diz o secretário de Estado da Saúde, Eleuses Paiva. O modelo, segundo ele, será mantido em 2025 com novos reajustes.
A paciente que virou símbolo
A aposentada Marli Garcia da Cruz, 68 anos, virou um dos rostos do impacto da nova política. Ela passou por uma cirurgia para retirada da vesícula no Hospital de Base em dezembro do ano passado, depois de um quadro de dor abdominal persistente.
“Minha operação foi ótima, fui muito bem atendida pela equipe. Todos os médicos e enfermeiros foram maravilhosos”, contou Marli, que havia sido diagnosticada com pólipo na vesícula após exames feitos na rede pública.
O hospital, que é referência regional, realizou 6.968 internações a mais do que em 2022 — todas bancadas com os novos valores da Tabela SUS Paulista.
Top 10 das instituições que mais aumentaram internações (2022–2024):
Instituição | Aumento de internações | Valor recebido (R$) |
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Hospital das Clínicas Faepa Ribeirão Preto | +13.185 | 136.3 milhões |
HC da Unicamp de Campinas | +8.818 | 86.9 milhões |
Hospital São Paulo (Unifesp) | +8.453 | 124.2 milhões |
HC da USP (São Paulo) | +7.162 | 169.2 milhões |
Hospital de Base de Rio Preto | +6.968 | 234.9 milhões |
Santa Casa de Araraquara | +6.118 | 31.4 milhões |
Hospital Santa Marcelina | +5.058 | 151.5 milhões |
Santa Casa de Ourinhos | +3.939 | 27.5 milhões |
Santa Casa de Barretos | +3.835 | 37.6 milhões |
Santa Casa de São Carlos | +3.070 | 48.2 milhões |
Próximo passo: reajuste em 2025
De olho na sustentabilidade da política e na pressão por mais acesso, o governo paulista já anunciou o reajuste de 158 procedimentos da tabela para 2025. A medida deve impactar áreas como oncologia, ortopedia e exames especializados, com investimento adicional de R$ 134 milhões.
Na prática, o Estado pretende fortalecer o atendimento de longa permanência e ampliar ainda mais a capilaridade da rede.
Transparência dos repasses
A Secretaria da Saúde afirma que os dados da Tabela SUS Paulista são públicos e podem ser acessados por qualquer cidadão, hospital ou gestor, diretamente no portal do governo: https://nies.saude.sp.gov.br/ses.
A aposta de Tarcísio na saúde, segundo aliados do governador, vem como um aceno à popularidade em cidades do interior — e como um contraste em relação à crítica recorrente de que o Estado não tem como interferir na política de repasses do SUS, por ser de competência federal.
Agora, com uma tabela própria e valores mais altos, o governo paulista pretende mostrar que há, sim, margem para protagonismo estadual em áreas sensíveis.