Três pessoas são presas e 150 kg de fios furtados são apreendidos em nova ação da Polícia Civil com apoio da CPFL e Telefônica
A Delegacia de Investigações Criminais (Deic) do Deinter-5, com sede em São José do Rio Preto, deflagrou nesta quinta-feira (12) uma operação para combater o furto de fios e cabos de energia elétrica e telefonia, crime que tem se tornado cada vez mais recorrente na cidade e em municípios da região. A ação contou com o apoio da CPFL, da operadora Telefônica/Vivo e de equipes da Polícia Técnica.
Segundo a Deic, os furtos vêm gerando prejuízos significativos tanto para os consumidores — que enfrentam quedas constantes no fornecimento de energia e instabilidade nos serviços — quanto para as concessionárias, responsáveis pela reposição de materiais de alto custo. O aumento dos preços do cobre e do alumínio, bem acima da inflação nos últimos meses, agrava ainda mais o impacto financeiro dessas ocorrências.
A operação desta quinta foi fruto de um trabalho investigativo realizado por equipes da 1ª Delegacia de Investigações Gerais (1ª DIG), que monitoraram e identificaram seis pontos suspeitos de comercialização de materiais furtados. Após representação judicial, foram expedidos mandados de busca e apreensão para todos os endereços monitorados.
Durante o cumprimento dos mandados, foram encontrados aproximadamente 150 quilos de fios e cabos, já reconhecidos como de propriedade da CPFL e da Telefônica/Vivo. A quantidade apreendida evidencia a escala do crime e a estrutura montada para receber e revender o material furtado.
Conexões com outros crimes
Além dos fios, a operação resultou em apreensões e prisões que revelam conexões com outros crimes. Em um dos estabelecimentos vistoriados, foi encontrada munição de arma de fogo calibre .38, configurando posse ilegal de munição. Em outro ponto, técnicos identificaram um medidor de energia adulterado, caracterizando furto de energia elétrica.
A investigação também identificou, no bairro Jardim Mugnani, uma mulher de 34 anos que foi presa em flagrante por tráfico de drogas. Ela portava diversas porções de crack já fracionadas, com características que indicam destinação ao comércio. A prisão reforça a suspeita das autoridades sobre a convergência entre pontos de reciclagem e o tráfico de entorpecentes — uma simbiose criminosa que se alimenta mutuamente.
Outro desdobramento importante ocorreu em uma padaria vizinha a um dos sucatões investigados. Embora o local não fosse alvo direto da operação, o estabelecimento foi flagrado com um medidor de energia elétrica adulterado. O responsável foi preso em flagrante por furto de energia.
Prisões em flagrante
Ao final da operação, três pessoas foram presas em flagrante:
- Um indivíduo por receptação de fios furtados e posse ilegal de munição, já conhecido nos meios policiais;
- Um segundo suspeito por furto de energia elétrica;
- E a mulher presa no Jardim Mugnani por tráfico de drogas.
Todos os envolvidos foram encaminhados à delegacia, e os materiais apreendidos passaram por perícia.
A Polícia Civil acredita que os laudos periciais e o andamento dos inquéritos devem levar a novas prisões nas próximas semanas, especialmente no tocante à cadeia de receptação de materiais oriundos de furto.
Reincidência e histórico
Não é a primeira vez que a Deic realiza esse tipo de operação. Em outubro de 2024, outra ação com o mesmo objetivo resultou na apreensão de cerca de meia tonelada de cabos de origem suspeita, em quatro locais distintos. Naquela ocasião, um homem de 66 anos foi preso por receptação dolosa. Posto em liberdade, ele foi preso novamente nesta quinta-feira, desta vez em flagrante por receptação dolosa qualificada, também com fios de procedência suspeita.
O caso ilustra a dificuldade enfrentada pelas autoridades no enfrentamento da reincidência criminal e o desafio de desmantelar redes que, mesmo após ações policiais, voltam a atuar no mercado clandestino.
Prejuízos e alerta
O furto de cabos é um crime com impacto direto na vida da população e na infraestrutura das cidades. Os prejuízos não são apenas financeiros: afetam a prestação de serviços essenciais, colocam em risco a segurança da rede elétrica e alimentam outras práticas criminosas, como o tráfico de drogas e o comércio clandestino.
Para a Deic, a operação representa mais uma resposta dura e coordenada contra essa cadeia ilícita que liga o furto nas ruas ao lucro ilegal nos bastidores dos pontos de revenda. O recado é claro: quem compra material furtado alimenta o crime e também será responsabilizado.
As investigações continuam e, segundo a Polícia Civil, novas ações semelhantes devem ocorrer nas próximas semanas.