Cirurgia de 12 horas: Bolsonaro passa por operação de grande porte para desobstrução intestinal em Brasília

Rodrigo Lima
Veja como foi a cirurgia de Bolsonaro neste domingo, 13/imagem – reprodução

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) passou por uma cirurgia de grande porte neste domingo, 13, no Hospital DF Star, em Brasília, para tratar uma obstrução intestinal que já vinha causando dores intensas e preocupação em sua equipe médica. O procedimento, que durou cerca de 12 horas, incluiu uma laparotomia exploradora — uma intervenção invasiva para liberar as chamadas “aderências” no intestino delgado e reconstruir a parede abdominal do ex-chefe do Executivo.

De acordo com o boletim oficial do hospital, a cirurgia foi concluída sem intercorrências e não houve necessidade de transfusão de sangue, apesar da complexidade do quadro. “O procedimento de grande porte teve duração de 12 horas, ocorreu sem intercorrências e sem necessidade de transfusão de sangue”, diz a nota assinada pelos médicos do DF Star.

A obstrução intestinal que levou Bolsonaro à mesa de cirurgia foi causada por uma dobra do intestino delgado, que dificultava a passagem dos alimentos e provocava forte retenção. Desde o atentado a faca em setembro de 2018, durante a campanha presidencial, o ex-presidente acumula um histórico de problemas gastrointestinais e já foi submetido a outras intervenções para tratar o mesmo tipo de complicação.

Após o término da cirurgia, Bolsonaro foi encaminhado à Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da unidade hospitalar. Os médicos informaram que ele se mantém “clinicamente estável, sem dor, recebendo medidas de suporte clínico, nutricional e prevenção de infecções”.

Entenda o procedimento
A chamada laparotomia exploradora é uma cirurgia altamente invasiva, feita por meio da abertura do abdome para que os médicos possam visualizar diretamente os órgãos internos e avaliar lesões ou problemas que não foram resolvidos por métodos menos agressivos. No caso de Bolsonaro, a equipe identificou e desfez as aderências que travavam o trânsito intestinal e, em seguida, reforçou a musculatura da parede abdominal.

O procedimento era esperado para durar cerca de 8 horas, com término previsto inicialmente entre 19h e 20h. No entanto, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro informou pelas redes sociais, por volta das 18h, que a cirurgia se estenderia por mais uma ou duas horas. Pouco depois, anunciou que havia sido “concluída com sucesso”, agradecendo a todos que enviaram mensagens e orações pelo ex-presidente.

Quadro agravado e decisão de operar em Brasília
Bolsonaro começou a sentir dores abdominais ainda na sexta-feira (12), durante uma agenda política no Rio Grande do Norte. Ele estava na cidade de Santa Cruz, a 115 km de Natal, quando precisou ser levado às pressas para atendimento médico. O boletim inicial apontava distensão abdominal e indicativos de agravamento no quadro.

“Ao chegar, ele estava bastante desidratado, com muita dor e distensão abdominal exuberante”, relatou o médico Claudio Birolini, que acompanha o ex-presidente e participou da cirurgia. Em coletiva de imprensa, Birolini afirmou que esta foi “uma das crises mais graves” desde as complicações da facada de 2018.

Parte dos aliados de Bolsonaro defendia que ele fosse transferido para São Paulo, onde costuma ser atendido pelo cirurgião Antonio Luiz Macedo, responsável por outras intervenções realizadas desde o ataque de 2018. Michelle, no entanto, optou por manter o tratamento em Brasília, sob a supervisão de Birolini, especialista em cirurgias de parede abdominal e complicações gastrointestinais.

Histórico de complicações
Desde o atentado na campanha de 2018, Bolsonaro vem enfrentando sucessivos episódios de obstrução intestinal. Os problemas são sequela direta da facada que atingiu órgãos internos e demandou uma série de cirurgias ao longo dos anos. Apenas nos últimos três anos, o ex-presidente foi internado pelo menos três vezes por conta do mesmo tipo de complicação — em 2021, 2023 e agora, em 2025.

Em maio de 2023, Bolsonaro foi hospitalizado para tratar uma obstrução semelhante e, em outras ocasiões, lidou com crises menos graves que foram controladas com medicação. Segundo especialistas, a formação de aderências intestinais é comum em pacientes que passaram por múltiplas cirurgias abdominais, e a cada novo episódio, aumenta a complexidade do tratamento.

“Cirurgias no intestino sempre são delicadas, ainda mais considerando a idade do paciente e seu histórico de intervenções anteriores”, comentou a senadora Damares Alves (Republicanos-DF), que acompanhou a internação de perto. Em conversa com apoiadores e jornalistas, ela destacou que a família de Bolsonaro sempre esteve ciente de que ele “não teria uma vida normal depois que tentaram matá-lo”.

Recuperação e próximos passos
Agora, o ex-presidente segue sob observação na UTI e deve permanecer hospitalizado pelos próximos dias. A prioridade da equipe médica é monitorar a recuperação da função intestinal, garantir a cicatrização da parede abdominal e evitar infecções, risco comum em procedimentos prolongados e complexos como o realizado.

A expectativa é que Bolsonaro inicie a alimentação por via intravenosa e, gradualmente, retome a ingestão de líquidos e alimentos sólidos, conforme a evolução clínica. “O foco agora é a reabilitação plena do trânsito intestinal e a recuperação da força abdominal”, destacou Birolini.

A cirurgia acendeu o alerta também na esfera política, já que Bolsonaro vinha intensificando a agenda de viagens e aparições públicas nos últimos meses. Sua ausência temporária deve impactar eventos planejados pelo PL (Partido Liberal), que contava com a presença ativa do ex-presidente nas movimentações para as eleições municipais de 2024 e fortalecimento das bases para 2026.

Mesmo internado, Bolsonaro recebeu apoio de aliados, que se manifestaram publicamente nas redes sociais desejando rápida recuperação. “Seguimos em oração pelo nosso presidente”, escreveu o presidente do PL, Valdemar Costa Neto.

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