A cidade do Rio de Janeiro receberá três indivíduos do maior mamífero terrestre da América do Sul, a anta-brasileira (Tapirus terrestris), dois deles nascidos no Zoológico de Rio Preto. A ação, liderada pelo Refauna, em parceria com o BioParque do Rio, o Instituto de Ação Socioambiental, a Petrobras e a Reserva Ecológica de Guapiaçu, prevê a viagem de translocação, a ambientação em recintos pré-soltura e o monitoramento desses animais após a soltura.
Atualmente, a única população de antas do Estado do Rio de Janeiro conta com 14 indivíduos, sendo quatro nascidas na natureza e as outras 10 oriundas de reintroduções. A atual iniciativa visa realizar um reforço populacional, a fim de aumentar a presença da espécie no local. O embarque das antas acontece na manhã desta quinta-feira, dia 18/1, às 8h30 no Zoológico de Rio Preto.
Novo lar
Os indivíduos que terão um novo lar em meio à natureza em Cachoeiras de Macacu são duas fêmeas, carinhosamente nomeadas como Melancia e Castanha, que nasceram e vivem atualmente no Zoológico de São José do Rio Preto, e um macho nascido no Parque Ecológico de São Carlos, em São Paulo. A reintrodução da espécie na natureza é de suma importância dado o fato de que as antas estão classificadas como vulneráveis à extinção, com perda de 30% de suas populações nas últimas três décadas, devido à caça, atropelamentos e à perda e fragmentação de habitat. Além disso, esses mamíferos são considerados como “jardineiros das florestas” porque desempenham um importante papel na dispersão de sementes e na poda de ramos e herbáceas, contribuindo para um plantio natural em meio à natureza.
No Rio de Janeiro essa espécie chegou a ser totalmente extinta há mais de 100 anos atrás. O último registro de antas no estado foi em 1914, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, e agora as instituições trabalham para recuperar essa perda.
A ação tem início oficialmente nesta quinta-feira, 19, com a realização da translocação dos animais de São Paulo até a Reserva Ecológica de Guapiaçu, em Cachoeiras de Macacu, local em que os mamíferos passarão por uma ambientação para que se aclimatar ao novo ambiente em que passarão a viver, além de receberem e se adaptarem ao colar de telemetria que auxilia no monitoramento pós-soltura. A soltura total na natureza acontecerá em março.
A coordenação e execução das atividades de reintrodução e monitoramento das antas é liderado pelo Refauna, enquanto o BioParque do Rio é responsável pelo apoio técnico no transporte dos animais, pela reestruturação da ambientação no recinto de aclimatação e pelo patrocínio da ação, por meio do Instituto Conhecer Para Conservar. Já o Instituto de Ação Socioambiental desenvolve as atividades de educação ambiental e conscientização da comunidade do entorno e oferece assistência nas atividades de reintrodução e monitoramento dos animais, por meio dos projetos Antologia, patrocinado pela Eletrobras Furnas, e Guapiaçu, em parceria com a Petrobras.
Histórico antas de Rio Preto
A anta fêmea Melancia foi gerada e nasceu de forma natural de um casal da espécie que integra o plantel do Zoológico de Rio Preto, no dia 5/08/2019. Já considerada um animal adulto e em idade reprodutiva, a anta pesa atualmente 173,5kg. A fêmea Castanha é gêmea bivitelina de um macho, o Caju, nascidos no Zoológico de Rio Preto, de cruza e parto natural, em 22/02/2021. Ela nasceu com 6,920kg e hoje, prestes a completar 2 anos de idade, pesa 139,9kg. Ela é um animal juvenil que ainda não está em idade reprodutiva. A gestação gemelar de antas não é muito comum.
Os pais da Castanha são uma fêmea nascida no Zoo de Rio Preto e o macho foi resgatado pela Polícia Ambiental em Irapuã (SP). Ele foi trazido ao Zoológico de Rio Preto em janeiro de 2019. Tinha sido encontrado filhote e criado, por trabalhadores, em uma fazenda de laranja da região. A reprodução das antas em cativeiro na instituição tem sido bem sucedida com diversos nascimentos nos últimos anos.
De 2017 até agora nasceram cinco filhotes de anta no Zoológico de Rio Preto. Todas de cruzas e partos naturais. Todas nasceram com saúde e sobreviveram, passando a integrar os projetos de conservação da espécie.
Refauna
O Refauna tem como objetivo restaurar as interações ecológicas que foram perdidas em florestas defaunadas através da reintrodução de fauna nativa em remanescentes de Mata Atlântica. O Refauna recentemente virou uma associação, composta por pesquisadores da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), UFRRJ, IFRJ, PUC-Rio e Universidade Estácio de Sá.
As reintroduções promovidas pelo Refauna envolvem múltiplas espécies: cutias, bugios, jabutis-tinga, trinca-ferros e em breve araras-canindé no Parque Nacional da Tijuca; e antas na Reserva Ecológica de Guapiaçu e Parque Estadual dos Três Picos. A reintrodução das antas é complexa e conta com diversos parceiros e apoios, como o Instituto de Ação Socioambiental, REGUA, Instituto Conhecer para Conservar, BioParque do Rio, além dos zoológicos e criadouros que doam animais para reintrodução na natureza.
Instituto Conhecer para Conservar
Criado pelo Grupo Cataratas — principal empresa brasileira de serviços voltados ao turismo sustentável — o Instituto Conhecer para Conservar desenvolve projetos relacionados à valorização e recuperação da biodiversidade em unidades de conservação, uso de tecnologias sustentáveis e restauração de paisagens urbanas. Com isso, o grupo promove a conservação ambiental, a ecoeficiência e a educação, que são utilizados como ferramentas para promoção de uma vida com mais equilíbrio ambiental e social.
Sobre o BioParque do Rio
Administrado pelo Grupo Cataratas, que também opera no Rio de Janeiro, o AquaRio e Paineiras Corcovado (vans oficiais de acesso ao Cristo Redentor), o BioParque do Rio abriu em março de 2021 com um novo conceito de zoológico, apoiando programas de educação e pesquisa em parceria com instituições e universidades. O novo projeto assegura o bem-estar animal e alia educação ambiental ao conforto dos visitantes.
Instituto de Ação Socioambiental
O Instituto de Ação Socioambiental é uma organização social que reúne um grupo de profissionais de diferentes áreas de formação com um ideal em comum: a integração do ser humano em ambientes saudáveis, sustentáveis e resilientes. Dentro destes objetivos, o Ação Socioambiental – ASA foi criado há oito anos e cresceu junto com o Projeto Guapiaçu (hoje em sua quarta edição em parceria com a Petrobras através do Programa Petrobras Socioambiental), trabalhando no reflorestamento de áreas de Mata Atlântica, na capacitação de gestores e na sensibilização da população da região para a importância desta convivência sustentável. Além do Projeto Guapiaçu, o Ação Socioambiental – ASA também apoia a reintrodução da anta realizada pelo Refauna por meio do Projeto Antologia, patrocinado pela Eletrobras Furnas.
Pq. Ecológico de São Carlos
Mantido pela Prefeitura Municipal de São Carlos, fundado em 1976, o Parque Ecológico maneja, pesquisa e promove programas de educação ambiental tendo como objetivo de trabalho e tema animais sul americanos, em especial a fauna brasileira. O local participa de vários programas e projetos de conservação de espécies de animais nativos do Brasil, em conjunto com outras instituições.
Zoológico de Rio Preto
Em 2023, o Zoológico Municipal de São José do Rio Preto, órgão da Prefeitura de São José do Rio Preto/SP, mantido pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo, completa 50 anos.
Nestas cinco décadas muitas mudanças ocorreram, do lazer e entretenimento, o Zoológico de Rio Preto passou a focar na conservação das espécies, na educação ambiental e no acolhimento e recuperação de animais da fauna silvestre da região Noroeste Paulista – vítimas do tráfico, maus tratos, atropelamentos, queimadas, além de filhotes órfãos.
A instituição atende anualmente, mais de mil animais silvestres nestas condições, trazidos pela Polícia Militar Ambiental e Corpo de Bombeiros. Após tratamento, são encaminhados para soltura, para o plantel ou para instituições parceiras, de acordo com a situação de cada animal.
Atualmente, o Zoológico também conhecido como Bosque, caminha para se tornar Zoobotânico. Uma grande reforma será iniciada neste ano de 2023 e, com ela, a instituição ganhará maior e melhor infraestrutura para continuar em sua missão de conservação da fauna e da flora regional, bem como garantir a conscientização das atuais e futuras gerações para a importância da preservação ambiental.
REGUA
A REGUA (Reserva Ecológica do Guapiaçu) é uma organização não governamental com mais de 20 anos de existência, situada na porção Leste da Baía de Guanabara, na sub-bacia do rio Guapiaçu, município de Cachoeiras de Macacu/RJ. Tem como missão a proteção dos remanescentes florestais de Mata Atlântica na bacia do rio Guapiaçu e sua biodiversidade, prevenção do desmatamento, da caça e da exploração predatória de recursos naturais. Além disso, tem o compromisso com a restauração de habitats nativos, reintrodução de espécies extintas localmente, apoio à pesquisa científica, podendo citar a produção de inventários da biodiversidade local, o turismo ecológico e a promoção da educação ambiental com a comunidade local e regional.
Com Josy Mariano de Sá/Secretaria de Comunicação com informações de Approach (Assessoria Grupo Cataratas)