
Mais um policial militar foi preso nesta terça-feira (17) em São José do Rio Preto, suspeito de envolvimento em crimes de homicídios na cidade. A prisão foi realizada pela Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic) e faz parte de um inquérito que corre sob sigilo na Polícia Civil.
A detenção ocorre no contexto de uma investigação que também mobiliza a Corregedoria da Polícia Militar de São Paulo, que apura a participação de outros seis policiais militares em, pelo menos, seis homicídios registrados na cidade entre março e dezembro de 2023.
Os crimes, segundo a apuração conjunta da Polícia Civil e da Corregedoria, estão ligados à eliminação de devedores inadimplentes e também de concorrentes no mercado de agiotagem local.
O Diário do Rodrigo Lima (DRL) confirmou a prisão com fontes da Polícia Militar e da Polícia Civil. A reportagem apurou, no entanto, que a DEIC só informará detalhes sobre o andamento das investigações na próxima semana, quando está prevista uma entrevista coletiva.
Dos seis policiais investigados, quatro já estão presos preventivamente, em cumprimento de mandados expedidos pela Justiça Militar. Eles foram transferidos para o Presídio Militar Romão Gomes, na capital paulista.
O policial detido nesta terça-feira foi apresentado na delegacia. E após audiência de custódia também deve ser levado para São Paulo, onde deverá permanecer detido.
Homicídios e modo de atuação
Entre os casos que estão sob apuração está o assassinato de um homem de 26 anos, ocorrido em março do ano passado no bairro Duas Vendas, zona norte de Rio Preto. A vítima foi morta com um tiro na cabeça disparado por uma espingarda calibre 12, armamento de alto poder destrutivo.
A investigação aponta que o crime foi encomendado por uma mulher agiota, que teria contratado um dos policiais para realizar a execução como vingança pela morte de seu companheiro.
Outro crime que chamou atenção foi a execução de um homem de 45 anos, alvejado por tiros de fuzil dentro de uma oficina no bairro Parque Industrial, na zona sul da cidade. A Polícia Civil ainda não concluiu este inquérito, que também corre sob segredo de Justiça.
Informantes protegidos e investigação paralela
O inquérito da Corregedoria da Polícia Militar teve início em abril de 2023, após denúncias feitas por testemunhas protegidas. Elas relataram a atuação dos PMs como cobradores violentos, agindo a serviço de agiotas. Além disso, os relatos apontaram que os policiais recebiam pagamentos para cometer agressões e até homicídios.
A Corregedoria instaurou Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar a suspeita de formação de organização criminosa voltada para a prática de violência, prevista no artigo 150 do Código Penal Militar, cuja pena pode chegar a até 8 anos de reclusão, além das penas relativas aos homicídios.
A Deic de Rio Preto segue com as investigações. A expectativa é que o inquérito da Polícia Civil se una, em algum momento, ao trabalho da Corregedoria, que já possui um vasto conjunto de depoimentos, laudos periciais e movimentações financeiras que sustentam a acusação contra os policiais.
O caso está sob segredo de Justiça tanto na esfera militar quanto na criminal. A prisão realizada nesta terça-feira, 17, foi realizada sem alarde.