CyberConnect 4: Polícia Civil de SP prende 75 suspeitos e cumpre 181 mandados em operação contra crimes cibernéticos

Rodrigo Lima
Delegados da Polícia Civil na sede do Deinter fazem balanço de operação policial/imagem – Rodrigo Lima 24/4/2025

A quarta fase da operação CyberConnect, deflagrada na manhã desta quarta-feira (24), pela Polícia Civil do Estado de São Paulo, resultou na prisão de 75 pessoas e no cumprimento de 181 mandados de busca e apreensão em diferentes cidades do estado e do país. A ofensiva teve como foco o enfrentamento qualificado da criminalidade cibernética, que atingiu 21 mil registros em 2024, um aumento expressivo em comparação com anos anteriores.

A operação foi coordenada de forma integrada por três grandes departamentos da Polícia Civil: DEINTER-5 (em Rio Preto), DECAP (Grande São Paulo) e DEMACRO (Interior Sul). A força-tarefa contou ainda com o apoio operacional dos DEINTERs: Campinas, Ribeirão Preto,  Santos e Sorocaba, além da Polícia Civil do Espírito Santo, reunindo 681 policiais civis empenhados nas ações de campo.

Crimes e prejuízos
As investigações revelaram a existência de diversas organizações criminosas, muitas vezes sem ligação direta entre si, atuando em modalidades variadas de fraudes digitais, como:

  • Golpes com falso boleto e falso Pix
  • Estelionato por meio de anúncios falsos em plataformas de venda como OLX
  • Financiamentos fraudulentos
  • Furtos mediante fraude
  • Extorsões digitais, inclusive por meio de vídeos íntimos (os chamados “golpes dos nudes”)
  • Crimes de falsa negativação em cadastros de crédito como o Serasa

A média de prejuízo das vítimas gira em torno de R$ 10 mil por ocorrência, mas casos de valores muito superiores também foram registrados. Um dos mais emblemáticos envolve uma médica que perdeu R$ 1,2 milhão após acreditar estar realizando investimentos em uma plataforma que simulava um escritório de aplicações financeiras.

Estrutura criminosa e atuação dos “chipeiros”
Durante a operação, foram apreendidos computadores, celulares, cartões de crédito, documentos, joias e veículos, que agora estão sob bloqueio judicial para posterior restituição às vítimas. O patrimônio dos investigados também está sendo alvo de medidas de sequestro de bens.

Uma das frentes identificadas foi a atuação dos chamados “chipeiros”, que habilitam chips de celular com dados de terceiros – muitas vezes alheios ao esquema – para utilização em centrais telefônicas ilegais. Esses dispositivos são usados para replicação em massa de chamadas e golpes digitais, atingindo um número elevado de vítimas.

As investigações mostraram ainda a migração de criminosos que antes atuavam com tráfico de drogas e roubos para o ambiente virtual. Os responsáveis pelo inquérito destacam que os criminosos têm preferido o estelionato por ser uma prática mais segura e com menor risco de flagrante, uma vez que as ações são realizadas de forma remota e as quantias desviadas são rapidamente transferidas entre diversas contas.

Origem em Rio Preto e abrangência nacional
A quarta fase da CyberConnect tem origem em São José do Rio Preto, onde os primeiros casos foram detectados. Segundo os delegados envolvidos, muitas das investigações partiram de crimes cometidos contra moradores da cidade e da região. A operação se expandiu a partir daí, alcançando outras partes do Estado de São Paulo e também o Espírito Santo.

Apesar da abrangência nacional, os responsáveis pela ação reforçam o papel fundamental da equipe de Rio Preto. “Não prevaricamos. Nós investigamos aqui em Rio Preto”, declarou um dos delegados, ao reafirmar o compromisso com o combate à impunidade digital.

Investigação e governança digital
A operação CyberConnect 4 é parte de um esforço estratégico da Polícia Civil para reforçar a governança digital no enfrentamento à criminalidade virtual. O objetivo é mostrar que a internet não é uma terra sem lei e que as estruturas estatais estão preparadas para rastrear, identificar e responsabilizar os autores desses crimes.

A partir das evidências obtidas com as apreensões, as equipes continuarão o trabalho de identificação de integrantes das redes criminosas e bloqueio de ativos ilícitos. As investigações seguem em curso com base nos dados extraídos de celulares, computadores e documentos coletados nas buscas.

Alerta à população
Os investigadores reforçam a importância do registro de boletins de ocorrência por parte das vítimas, com o maior número possível de informações, como mensagens, números de telefone, dados bancários e qualquer outro elemento que ajude a compor o quebra-cabeça investigativo.

Além disso, orientam que fotos com documentos pessoais não sejam enviadas a desconhecidos, especialmente quando solicitadas em contextos suspeitos. Essas imagens são frequentemente usadas por criminosos para abrir contas falsas, realizar empréstimos em nome de terceiros e aplicar outros tipos de fraudes.

Balanço parcial da CyberConnect 4:

  • 75 prisões efetuadas (entre temporárias e preventivas)
  • 181 mandados de busca e apreensão cumpridos
  • Operação mobilizou 681 policiais civis
  • Prejuízo estimado ultrapassa milhões de reais
  • Bloqueio e sequestro de bens, incluindo joias e veículos
  • Vítimas em Rio Preto e diversas cidades do país

A Polícia Civil garante que novas fases da CyberConnect já estão em planejamento, com a meta de ampliar o cerco às estruturas que lucram com golpes digitais. A ação integra o plano de enfrentamento à criminalidade estabelecido como prioridade pela cúpula da segurança pública do Estado de São Paulo.

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