Crise no rio Tietê: Governo de SP libera crédito de R$ 2,5 mi para salvar pescadores e piscicultores

Rodrigo Lima
Linha emergencial promete aliviar perdas provocadas pela mortandade de peixes no rio e em seus afluentes; fiscalização já aplicou mais de R$ 73 mil em multas/imagem – divulgação

O governo de São Paulo anunciou uma linha de crédito emergencial de R$ 2,5 milhões para socorrer pescadores e piscicultores devastados pela mortandade de peixes no Rio Tietê e em seus afluentes. A medida começa a valer na próxima segunda-feira, 14, numa tentativa de garantir a sobrevivência de famílias que dependem da pesca para viver.

A ação é coordenada pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento, por meio do Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista (Feap), e oferece condições especiais:

  • Juro zero

  • Crédito de até R$ 5 mil para pescadores artesanais

  • Até R$ 20 mil para piscicultores afetados

Para solicitar, basta procurar as unidades da Casa da Agricultura nas cidades atingidas. A lista completa está no site da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI).

Morte em massa: “Fenômeno multifatorial”, diz governo

A mortandade dos peixes, que paralisou a economia de centenas de famílias e causou um impacto profundo na biodiversidade, tem origem complexa. Técnicos da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil) apontam para a combinação de fatores como a má qualidade da água e despejos irregulares de poluentes.

Para conter a crise, o estado montou um verdadeiro “time de choque”. O Grupo de Fiscalização Integrada das Águas do Rio Tietê (GFI-Tietê) percorreu, só nas primeiras semanas de atuação:

  • 948,3 km de trechos estratégicos do rio

  • 86 mil hectares de áreas de preservação ambiental fiscalizados

As inspeções já renderam 135 Termos de Vistoria Ambiental (TVAs) e o acompanhamento de 66 Termos de Compromisso de Recuperação Ambiental (TCRAs).

Multas e responsabilização: mais de R$ 73 mil já aplicados

As ações de campo resultaram ainda na emissão de 19 Autos de Infração Ambiental, que somam R$ 73.198 em multas.

De acordo com o governo, todos os infratores identificados estão sendo processados conforme a legislação ambiental vigente. “A resposta será firme para proteger nosso patrimônio natural e econômico”, afirma nota oficial.

Caça aos poluidores

As operações não param por aí. Em parceria com a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) e a Polícia Ambiental, o governo tem realizado investigações para localizar e punir fontes de poluição.

Um exemplo recente foi a operação realizada no município de Zacarias, no interior paulista, onde novos focos de despejo irregular foram encontrados.

“As parcerias são cruciais para cortar o mal pela raiz e evitar que o Tietê continue recebendo descargas ilegais de resíduos”, declarou o secretário-executivo da Semil, Antonio Carlos de Figueiredo.

Monitoramento de ponta para vigiar o rio

O estado também aposta na tecnologia para enfrentar o problema. A Cetesb lançou uma sonda de monitoramento da qualidade da água a jusante da Barragem de Barra Bonita. Este é apenas o começo de um investimento de R$ 8,6 milhões na instalação de seis novas estações ao longo do rio.

Veja como será a distribuição das novas unidades:

  • 2 estações na região do Baixo Tietê (reservatórios de Barra Bonita e Promissão)

  • 4 estações na bacia do Rio Piracicaba, previstas para operar até o fim deste ano

Além disso, estão previstas boias para isolar áreas navegáveis e reduzir o impacto das embarcações sobre o ecossistema.

Boas práticas para um futuro sustentável

Pensando no futuro, o governo de SP também aposta na educação e na articulação com o setor agropecuário. Agricultores e pecuaristas estão sendo mobilizados para adotar práticas de conservação do solo, reduzindo o escoamento de fertilizantes e resíduos para os rios.

“É uma mobilização total para salvar o Tietê. Não se trata apenas da fauna aquática, mas da sobrevivência de centenas de famílias que vivem da pesca e da piscicultura”, frisou Guilherme Piai, secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado.

As ações integram uma resposta emergencial robusta, mas também visam criar um legado de preservação ambiental e desenvolvimento sustentável para as próximas gerações.

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